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Novo aeroporto de Berlim deve começar a operar em 2020

29 de novembro de 2019

Abertura, que foi adiada dez vezes, ocorrerá nove anos depois da data prevista inicialmente. Projeto foi marcado por falhas graves, explosão de custos e casos de corrupção e manchou imagem da "eficiência alemã”.

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Berlin | Unfertiger Flughafen BER
Terminal do Aeroporto de Berlim-Brandemburgo. Local deveria ter sido inaugurado em 2011Foto: Getty Images/AFP/T. Schwarz

A longa novela da inauguração do novo aeroporto de Berlim parece finalmente estar se aproximando do fim. Segundo a operadora responsável, o local deve começar a operar em 31 de outubro de 2020, nove anos após a data que havia sido originalmente prevista para o início das atividades.

"O BER vai abrir em 31.10.2020”, informou nesta sexta-feira (29/11) a operadora Flughafen Berlin Brandenburg GmbH no Twitter, usando o código internacional do aeroporto.

A companhia aérea Lufthansa, que deve ser a maior ocupante do BER, informou que recebeu o anúncio como um "sinal positivo".

Já o chefe-executivo da operadora do aeroporto Engelbert Lütke Daldrup disse que tem certeza de que os primeiros aviões pousarão no local em 31 de outubro de 2020 e que as primeiras partidas ocorrerão no dia seguinte. Com isso, dois aeroportos menores da cidade devem ser fechados cerca de uma semana depois.

Apesar do anúncio, Rainer Bretschneider, presidente do conselho supervisor do BER, disse que ainda existem algumas "deficiências" no novo aeroporto que ainda precisam ser resolvidas rapidamente.

A construção do Aeroporto de Berlim-Brandemburgo – oficialmente Aeroporto Willy-Brandt – começou em 2006, após 15 anos de planejamento. O objetivo foi substituir dois aeródromos menores e mais antigos da capital alemã, Tegel e Schönefeld, que originalmente atendiam a antiga Berlim Ocidental e Berlim Oriental, respectivamente.

Ainda na fase de construção, os responsáveis pelo BER previram que o novo aeroporto começaria a operar em 30 de outubro de 2011, mas a empresa que tocava a obra faliu em 2010, quando a obra estava já perto da fase de conclusão, adiando a abertura para 2012.

Seria o primeiro de dez adiamentos. Os seguidos fiascos acabariam se tornando motivo de chacota em todo o país – que internacionalmente tenta projetar uma imagem de eficiência – e ainda resultariam na queda de um prefeito da capital alemã.

Em 2012, menos de um mês antes da nova data de abertura, foram detectados graves problemas de segurança no sistema de detecção de incêndios da estrutura, e a data acabou sendo novamente adiada para o ano seguinte.

O anúncio pegou de surpresa companhias áreas e lojistas que já haviam se instalado no aeroporto. Depois disso, foram sendo anunciadas sucessivamente novas datas de abertura para 2012, 2013, 2014, 2015 e assim por diante. Conforme a abertura continuava a ser postergada, começaram a ser revelados graves falhas no projeto.

Os problemas que iam sendo descobertos se acumularam: dependendo da direção do vento, a água da chuva entrava pelas aberturas de ventilação nas fachadas. Partes da tubulação para abastecimento de querosene de aviação, no campo de pouso, não se encaixavam umas nas outras. Faltavam vários metros de corrimão em algumas escadas; não havia conexão informática com o corpo de bombeiros.

No ano passado, a certificadora TÜV Süd ainda encontrou mais de 800 problemas graves na fiação dos terminais.

Enquanto isso, os custos explodiram. O orçamento inicial previa um gasto de 2,83 bilhões de euros (13 bilhões de reais). Mas a conta atual já passa de 7 bilhões de euros (32 bilhões de reais).

Também foram revelados casos de corrupção em meio ao escândalo. Em 2015, um ex-operador de BER foi condenado por aceitar subornos da Imtech, a empresa que construiu o sistema de proteção contra incêndio, justamente a estrutura que mais causou dor de cabeça no projeto e que foi apelidada pelos operários de "O Monstro”. 

Em 2018, um canal de TV revelou ainda que o chefe-executivo do aeroporto acumulava uma aposentadoria estatal junto com seu salário de 500 mil euros anuais, algo que foi classificado como um "escândalo” por políticos da oposição.

JPS/dw/ots

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