Nota de luto por mortos Aleppo viraliza na Alemanha
14 de dezembro de 2016Uma mensagem incomum de luto divulgada num jornal alemão viralizou nas redes sociais. A fim de expressar sua tristeza com o drama humanitário em Aleppo, na Síria, Angelika Becker-Held publicou um anúncio no diário local Aachener Zeitung: "Estou em luto pelos mortos de Aleppo. Com enorme impotência, Angelika Becker-Held."
Publicada no sábado, a curta mensagem em pouco tempo foi compartilhada milhares de vezes nas redes sociais, foi reportada em diversos meios de comunicação da Alemanha e apareceu até no principal noticiário televisivo do país.
Em grande maioria, as reações são positivas e apoiam a iniciativa de Becker-Held. O anúncio desencadeou um grande debate sobre o conflito na Síria e também em outros cantos do planeta. "Não estou apenas em luto, estou enraivecido com tanta loucura por arruinar assim um país próspero como a Síria", diz um dos comentários, escrito pelo usuário Detlef Kröger.
"Todos só falam de Aleppo, mas quem fala sobre Sudão, Sudão do Sul ou sobre Congo e Nigéria? Não vale a pena reportar sobre essas pessoas pobres? Também não queremos que o conflito na Ucrânia seja esquecido – ou isso não é importante?", escreveu Andreas Ohz.
Mas também houve quem criticou a ação de Becker-Held. "Com o dinheiro gasto com o anúncio dava para ter pagado algumas refeições quentes para um sem-teto alemão", afirmou Sven Hensing.
Em entrevista ao portal alemão Stern, Becker-Held afirmou que, primeiramente, não sabia que seu anúncio tinha atraído tamanha atenção. Ela disse ter divulgado a mensagem simplesmente para expressar seu pesar e solidariedade e que não esperava essa ressonância. "Mas, aparentemente, eu atingi um nervo", disse. Becker-Held, de 54 anos, não possui uma conta no Facebook.
Para ajudar refugiados, ela doou roupas e ajudou com informações. Além disso, saúda a política migratória da chanceler federal, Angela Merkel, mas deseja que o governo se comprometa mais em restringir a exportação de armas. Com a situação na Síria, no entanto, ela disse se sentir impotente: "O que se pode fazer? Rezar? Escrever uma carta a [Vladimir] Putin?", questionou.
PV/ots