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Nobel da Paz Aung San Suu Kyi ganha mandato parlamentar em Mianmar

1 de abril de 2012

Mianmar realizou eleições parlamentares históricas. Após dezenas de anos de resistência contra o regime, a Nobel da Paz conquistou um assento no Parlamento, que ainda continua sendo dominado pelos militares.

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Foto: dapd

Isolado internacionalmente, Mianmar realizou eleições parlamentares históricas neste domingo (1°/04). Segundo informações de seu próprio partido, aludindo à contagem aberta dos votos, a Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi conquistou um assento no Parlamento do país, que continua sendo dominado em grande parte pelos militares.

Nas duas eleições anteriores – em 1990 e 2010 – Suu Kyi estava presa, sob o jugo da junta militar que governou o país do Sudeste da Ásia. Cerca de 6,8 milhões de pessoas estavam aptas a votar na eleição deste domingo.

O atual pleito irá definir 45 cadeiras nas três câmaras parlamentares: 37 na câmara baixa, seis na câmara alta e duas nas assembleias regionais. Os assentos ficaram vagos após deputados, eleitos nas controversas eleições de 2010, terem assumido cargos no governo.

O partido de Suu Kyi, a Liga Nacional para Democracia (LND), concorreu com 44 candidatos. Segundo um dos líderes da legenda, ela venceu as eleições em seu distrito eleitoral Kawhmu com 82% dos votos.

A heroína nacional de 66 anos passou boa parte dos últimos 20 anos no cárcere ou em prisão domiciliar. Ela reclamou de irregularidades no contexto da eleição. No entanto, na opinião de diversos observadores internacionais, o pleito transcorreu sem grandes problemas.

Compromisso com reformas

Dessa forma, aumentam as chances de que os Estados Unidos e a União Europeia suspendam, pelo menos parcialmente, as sanções contra Mianmar. "Não se deve colocar o carro na frente dos bois, mas esta pode ser a primeira eleição verdadeiramente justa neste país há muito tempo", disse o diplomata europeu Robert Cooper, ao visitar diversos locais de votação na região ao norte da capital Yangon.

Segundo Cooper, o governo em Mianmar tem preparado, nos últimos meses, o caminho para uma abertura rumo à democracia. "A velocidade da mudança é impressionante", disse o parlamentar europeu Ivo Bellet.

No entanto, as atuais eleições irão definir somente uma pequena parte dos 1.160 assentos das três câmaras parlamentares, que ainda estão dominadas por militares e partidos do governo. As eleições deste domingo têm principalmente um caráter simbólico. Elas são vistas como um teste para que o partido governista – Partido da Solidariedade e do Desenvolvimento da União (USDP, na sigla em inglês) – comprove seu compromisso com reformas.

Thein Sein, presidente de Mianmar
Thein Sein, presidente de MianmarFoto: picture-alliance/dpa

Surpresa da comunidade internacional

Em 2010, o USDP assumiu o governo das mãos da junta militar, em eleições que foram criticadas por terem excluído o partido de Suu Kyi e não terem sido nem justas nem livres. Ainda que seja considerada uma frente civil em nome dos militares, o USDP surpreendeu a comunidade internacional ao implantar uma série de reformas.

O presidente Thein Sein – um tenente-general aposentado – libertou prisioneiros, assinou tréguas com grupos rebeldes e iniciou o diálogo com Suu Kyi, que há muito se tornara um símbolo da opressão em Mianmar.

Thein também convidou centenas de jornalistas e dezenas de observadores independentes para monitorar as eleições, cujos resultados oficiais só deverão ser divulgados dentro de uma semana, mas já está sendo esperado que os partidos divulguem anteriormente resultados.

CA/dapd/rtr/dw/afp/dpa
Revisão: Mariana Santos