Netanyahu garante maioria no Parlamento na eleição em Israel
4 de novembro de 2022O ex-primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu conquistou a maioria dos assentos no Parlamento do país na eleição legislativa realizada em 1º de novembro, a quinta em quatro anos. O resultado final foi anunciado nesta quinta-feira (03/11) pela comissão eleitoral.
O partido de Netanyahu, o Likud, e seus aliados de direita obtiveram um total de 64 cadeiras na câmara de 120 assentos. O Likud sozinho conquistou 32 cadeiras, os partidos ultraortodoxos garantiram 18, e a aliança Sionismo Religioso, de extrema direita, obteve 14.
Isso significa que o premiê mais longevo de Israel retornará ao cargo à frente de um governo que muitos estimam ser o mais direitista da história do país, que tem 74 anos.
O primeiro-ministro interino Yair Lapid – principal adversário de Netanyahu nesta eleição – telefonou para o ex-chefe de governo para parabenizá-lo pela vitória e instruiu seu gabinete a "preparar uma transição organizada de poder", disse um comunicado.
"O Estado de Israel vem antes de qualquer consideração política", afirmou o centrista à agência de notícias AP. "Desejo sucesso a Netanyahu pelo bem do povo de Israel e do Estado de Israel."
O bloco de Lapid conquistou um total de 51 assentos no Parlamento federal do país, o Knesset.
As eleições seguem o colapso de uma coalizão governista que, no ano passado, uniu oito partidos díspares e pôs fim aos 12 anos da era Netanyahu, premiê que ficou mais tempo no poder no país. A coalizão, contudo, acabou fracassando em alcançar estabilidade política.
A maioria absoluta de Netanyahu e seus aliados deve encerrar uma era turbulenta na política israelense. Porém, o político de 73 anos ainda está sendo julgado por acusações de corrupção, as quais ele nega.
Como será o futuro governo?
Após receber a contagem oficial dos votos da comissão eleitoral, o presidente israelense, Isaac Herzog, deve dar a Netanyahu, na próxima semana, um prazo de 42 dias para formar um governo.
A aliança ultradireitista Sionismo Religioso deverá fazer parte da coalizão. O partido, que dobrou seus assentos no Parlamento desde a última eleição, está determinado a controlar a pasta de segurança de Israel.
O líder do partido, Itamar Ben-Gvir, demonstrou interesse em ser ministro da Segurança Pública, o que lhe permitiria controlar a polícia israelense. Ele é conhecido por sua retórica antiárabe e pelos apelos incendiários para que Israel anexe toda a Cisjordânia.
Nos últimos dias, Ben-Gvir pediu repetidamente que os serviços de segurança usem mais força para combater a "agitação palestina".
"Chegou a hora de impor a ordem aqui. Chegou a hora de haver um senhorio", escreveu Ben-Gvir no Twitter nesta quinta-feira.
Bezalel Smotrich, outro líder do partido de extrema direita, espera se tornar ministro da Defesa.
Reações internacionais
Aliados israelenses se pronunciaram sobre a provável composição do futuro governo israelense.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos expressou uma preocupação velada com a perspectiva de ministros de extrema direita e disse esperar que as autoridades israelenses respeitem "os valores de uma sociedade aberta e democrática".
O Reino Unido, enquanto isso, fez um apelo para que todos os políticos "se abstenham de linguagem inflamatória" e respeitem as minorias.
Por outro lado, a nova primeira-ministra da Itália, a ultradireitista Giorgia Meloni, e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, um antigo aliado de Netanyahu e também de extrema direita, foram rápidos em parabenizar o vencedor das eleições.
"Em tempos difíceis, são necessários líderes fortes. Parabéns pelo grande regresso do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, amigo da Hungria", disse Orbán em mensagem publicada no Facebook.
Os dois políticos têm grande harmonia ideológica e manifestaram apoio mútuo nas respectivas eleições de seus países. Ambos também participaram em 2019 da posse do presidente Jair Bolsonaro.
Já o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse ser "importante ver a democracia real em ação" e observou que a Ucrânia e Israel "compartilham valores e desafios comuns que agora exigem cooperação efetiva".
Kiev vem esperando obter apoio mais explícito de Israel, que promoveu laços comparativamente amigáveis com a Rússia desde a Guerra Fria.
ek (AFP, Reuters, Lusa, Efe)