Namíbia remove estátua de líder colonial alemão
23 de novembro de 2022Autoridades de Windhoek, capital da Namíbia, removeram nesta quarta-feira (23/11) a estátua de um governador colonial alemão após uma campanha para sua remoção.
O porta-voz da cidade, Harold Akwenya, disse à agência de notícias alemã DPA que a estátua de Curt von François – considerado por muitos como o fundador da cidade – seria transferida para o Museu da Independência por segurança.
Descendente de François critica remoção de estátua
A estátua de von François estava de pé desde 1965. No entanto, uma petição para removê-la — por tudo que ela representa para muitos namibianos — foi iniciada em 2020 pela ativista Hildegard Titus.
Para o ex-prefeito de Windhoek, Job Amupanda, a remoção da estátua de von François foi "o início de um processo para descolonizar Windhoek".
No entanto, nem todos os namibianos estão felizes com a remoção. À publicação local The Namibian, o bisneto de von François, Ruprecht von François, disse que a mudança era um desrespeito ao legado de seu bisavô e equivalia a uma discriminação contra a história dos câmaras.
O bisneto de Von François conta que seu ancestral era casado com sua bisavó — Amalia ǃGawaxas, que era uma princesa damara — e que, como fundador de Windhoek, ele "fez muito por este país”.
Quem foi von François?
Von François era um alto oficial das forças coloniais alemãs e, de acordo com a história colonial, fundou Windhoek em 1890.
Em 1893, houve escaramuças entre soldados alemães enviados para proteger os colonos alemães e os clãs locais, incluindo os hereros e namas. Von François ordenou um ataque ao chefe Nama Hendrik Witbooi e à aldeia de Hornkranz durante o qual mulheres, crianças e idosos foram massacrados.
As forças coloniais alemãs, como outras no continente africano, reprimiram brutalmente qualquer tentativa de insurreição. De 1904 a 1907, ocorreram assassinatos em massa e este período da história é agora amplamente aceito como o primeiro genocídio do século 20.
Em maio de 2021, o governo alemão reconheceu as atrocidades cometidas contra os herero e nama como genocídio e prometeu enviar ao país 1,1 bilhão de euros ao longo de 30 anos para infraestrutura e ajuda no desenvolvimento.
Essa ajuda não incluiu reparações oficiais. Líderes herero e nama ridicularizaram os pagamentos como "inaceitáveis".
Berlim rejeitou as exigências de novas negociações e insiste na implementação do acordo controverso.
kb/dj (dpa, KNA)