Na véspera de sediar jogo da Argentina, Brasília festeja vitória brasileira
5 de julho de 2014Cerca de 35 mil pessoas acompanharam a vitória de 2 a 1 do Brasil sobre a Colômbia, nesta sexta-feira (04/07), dos telões da Fifa Fan Fest em Brasília. Show musicais antes e depois da partida embalaram os torcedores, que além da camisa da seleção brasileira, vestiram perucas e os mais variados adereços para torcer pelo Brasil.
O público começou a chegar cedo, já a partir das 11h, para assistir à partida entre Alemanha e França e, aos poucos, foi colorindo cada canto dos 45 mil metros quadrados da área destinada à festa em Brasília. Colombianos, alemães, chineses e uma legião de argentinos que invadiu a capital brasileira nos últimos dias, na expectativa do jogo deste sábado contra a Bélgica, também estiveram presentes.
“Viajamos 4,5 mil quilômetros de carro, foram três dias de viagem. E nem temos ingresso, estamos aqui só para fazer festa”, contou Sérgio Peruzzo, 48, ao lado do filho Manuel e de um grupo de amigos que deixou Buenos Aires no início da semana para estar em Brasília no dia do jogo contra a seleção belga.
O grupo fez questão de deixar claro que a torcida na sexta-feira era por uma vitória brasileira. “As pessoas aqui nos trataram muito bem, têm uma energia boa”, explicou o portenho Estevam Peralta, 44. “Este é o melhor Mundial até agora. Seria lindo se algum país latino-americano ganhasse essa Copa. Se for a Argentina, claro, melhor ainda”.
Para receber os cerca de 60 mil argentinos na capital, o governo do Distrito Federal liberou uma grande área de estacionamento para que os hermanos que vierem acompanhar sua seleção tenham onde estacionar traillers e motorhomes. A empresa que gerencia o aeroporto de Brasília anunciou na quinta-feira a inclusão de 77 novos voos na malha aérea, para atender à demanda de Buenos Aires.
Perto do povo, longe dos protestos
O clima de festa empolgou o brasiliense. Teve torcedor vestido de Pelé, “para dar sorte”, e até um sósia do jogador Hulk, que tirava foto com fãs e arrancava suspiros das torcedoras. “Ele é tão lindo quanto o original”, dizia um grupo de adolescentes, correndo para também clicar o rapaz.
Diferentemente de cidades como Rio e São Paulo, onde a Fan Fest ficou em áreas mais centrais, em Brasília a festa da Fifa está sediada em Taguatinga, cidade-satélite a 20 quilômetros da capital federal. Muitos moradores haviam recebido com desconfiança a escolha, já que grandes eventos públicos – como o réveillon e o aniversário da cidade – são realizados no coração de Brasília, na Esplanada dos Ministérios, em frente à rodoviária central.
O governo garante que a decisão teve como objetivo deixar a folia mais perto da população, por ser a área mais próxima das cidades mais populosas e de menor renda da capital. Os críticos, porém, acreditam que a ideia era evitar caos no trânsito e possíveis protestos na porta do gabinete da presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto.
“Esse é o primeiro jogo que venho assistir aqui. É um pouco longe e estava com um pouco de medo de violência”, confessou a bibliotecária Maria Dirce, 56, moradora de Brasília. Nesta sexta-feira, porém, ela esteve com familiares na Fan Fest e aprovou. “Está bem tranquilo aqui, bem organizado e seguro”, afirmou. Segundo o governo, 1,4 mil policiais garantiram a segurança no local.
Frustração colombiana
O gol de Thiago Silva, logo aos sete minutos do primeiro tempo, silenciou a pequena, mas até então confiante, torcida colombiana que foi à Fan Fest. Os amigos Fred Gamboa, 24, e Esteban Molino, 31, deixaram Bogotá há três semanas e vinham rodando o Brasil atrás do time comandado pelo técnico José Nestor Pekerman. O custo da aventura bate na trave dos 5 mil dólares cada um, somando as despesas com passagens, hospedagens e alimentação.
“Vale a pena, estamos fazendo história aqui”, justificou Gamboa. “Vai ser uma partida dura, mas vamos ganhar com dois gols de James contra um de Neymar”, apostou. Ao fim dos 90 minutos, porém – após a cobrança de falta certeira de David Luiz e o insuficiente gol de pênalti cobrado por James – restou aos amigos enrolarem-se na bandeira da Colômbia, para se protegerem do vento frio, típico das noites de inverno do cerrado, e voltar para casa.