Na TV, Biden volta a mencionar Amazônia
16 de outubro de 2020O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu rival democrata na corrida à Casa Branca, Joe Biden, responderam a perguntas do público em canais de televisão concorrentes na noite desta quinta-feira (15/10).
Pela segunda vez durante a campanha eleitoral, Biden falou sobre a Amazônia, mencionando a importância da floresta para conter as mudanças climáticas.
"O maior sequestrador de carbono no mundo é a Amazônia. A cada ano, ela absorve mais carbono que as emissões inteiras dos Estados Unidos", disse.
No debate ocorrido entre Trump e Biden em 29 de setembro, o democrata havia mencionado a destruição da Amazônia, e disse que, caso seja eleito, pretende organizar um pacote de ajuda de 20 bilhões de dólares (R$ 112 bilhões) para que o Brasil preserve a floresta.
Biden advertiu, então, que, se mesmo assim os brasileiros persistirem com o desmatamento, o país sul-americano poderá vir a sofrer "consequências econômicas significativas", sinalizando possíveis retaliações ou sanções.
Após a menção ao Brasil o presidente Jair Bolsonaro e de membros do seu círculo evocaram "soberania" para rebater Biden.
Debate cancelado
Nesta quinta-feira, Trump esteve em programa na NBC News, e Biden, na ABC. Os dois eventos foram transmitidos ao mesmo tempo, mas de cidades diferentes - Trump estava em Miami, na Flórida, e Biden, na Filadélfia, no estado da Pensilvânia. Os dois estados são considerados fundamentais nas eleições de 3 de novembro.
Originalmente, a data seria marcada pelo segundo debate entre os dois candidatos, mas o evento foi cancelado após Trump desistir da participação ao saber que os organizadores haviam decidido fazer um debate virtual, em razão da recente contaminação do republicano por coronavírus.
Pandemia
Trump defendeu a resposta de seu governo à pandemia de covid-19 e criticou Biden por se manter afastado da campanha eleitoral nos primeiros meses da crise.
"Eu sou o presidente. Preciso ver as pessoas, não posso ficar escondido”, disse Trump.
Quando questionado sobre sua opinião sobre o uso de máscaras, Trump foi evasivo. Disse que tinha ouvido "histórias diferentes" sobre a eficácia das máscaras. Ele elogiou ainda o tratamento experimental com anticorpos covid-19 da farmacêutica Regeneron e a criticou o por sua recuperação do coronavírus.
Biden, por sua vez, acusou Trump de minimizar a pandemia.
"Ele [Trump] disse que não contou a ninguém porque temia que os americanos entrassem em pânico", disse Biden. "Os americanos não entram em pânico. Ele entrou em pânico", completou.
"O presidente Trump fala sobre muitas coisas que não são precisas", disse Biden. "Se o corpo de cientistas disser que ela [a vacina] está pronta, vou encorajar as pessoas a tomá-la", acrescentou.
Trump voltou a distorcer informações e disse que, de acordo com autoridade de saúde do Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), 85% das pessoas que usam máscara foram infectadas pelo coronavírus. No entanto, a informação correta é que, em uma pesquisa feita pelo CDC com um grupo de pessoa infectadas, 85% afirmaram "ter usado máscara frequentemente ou sempre" nos 14 dias anteriores.
Supremacia branca
Trump disse que denuncia a supremacia branca, mas se recusou a condenar o QAnon, grupo que acredita em uma teoria conspiratória de que Trump salvará os EUA de "pedófilos satanistas" infiltrados no governo e entre os democratas. "Eu denuncio a supremacia branca, há anos eu denuncio a supremacia branca", afirmou.
Quando questionado sobre teorias de conspiração relacionadas ao QAnon, Trump afirmou que “não sabe nada" sobre o movimento. Depois, acrescentou: "O que ouvi sobre isso é que eles são totalmente contra a pedofilia e eu concordo com isso".
O movimento conspiratório afirma falsamente que Trump está lutando contra uma elite global de pedófilos que opera uma rede de tráfico de crianças.
Impostos
Trump tentou se esquivar de perguntas sobre uma investigação do jornal New York Times, que revelou que o presidente estaria devendo cerca de 400 milhões de dólares em impostos. Ele sugeriu que o valor é uma "porcentagem muito, muito pequena" em comparação com seus ativos totais.
"Quando você olha para propriedades vastas como as que eu tenho, e elas são grandes, bonitas e bem localizadas, quando você olha para isso, a quantidade de dinheiro, 400 milhões de dólares, é um amendoim", disse Trump.
Economia
Trump reiterou suas opiniões sobre o sucesso de seu governo na criação de empregos e disse que no ano que vem a economia "seria fenomenal" se ele fosse reeleito. Ele também prometeu criar um programa de saúde mais barato e melhor do que o Obamacare.
Quando questionado se aceitaria uma transferência pacífica de poder se fosse derrotado por Biden, Trump disse que sim, se fosse uma "eleição honesta".
Um último debate entre Biden e Trump está marcado para 22 de outubro.Biden lidera as pesquisas eleitorais até 14 pontos à frente de Trump. Mais de 17,5 milhões americanos já votaram por correspondência ou em voto antecipado.
LE/lusa/ap/ots