Nível dos mares sobe mais rapidamente do que o previsto, diz estudo
28 de novembro de 2012Um estudo divulgado nesta quarta-feira (28/11), durante a Conferência do Clima no Catar, mostrou que o nível do mar está subindo a uma velocidade 60% maior do que apontam as previsões das Nações Unidas e que o aquecimento global não deu sinais de regressão.
"O aquecimento global não diminuiu (nem está) abaixo das projeções", afirma Stefan Rahmstorf, principal responsável pelo estudo do Instituto Potsdam para Pesquisas do Impacto Climático, na Alemanha.
O estudo comparou as projeções feitas pela ONU com o que realmente aconteceu entre o início da década de 1990 e o ano passado. E, de acordo com o texto, o nível dos oceanos vêm subindo 3,2 mm por ano, 60% mais rapidamente que os 2 mm anuais previstos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), um organismo das Nações Unidas.
"Isso sugere que as previsões do IPCC sobre o nível do mar no futuro também podem estar niveladas por baixo", escreveram os autores de Alemanha, Estados Unidos e França na publicação científica Environmental Research Letters.
O último estudo do IPCC, de 2007, estimava que o mar poderia subir entre 18 cm e 59 cm neste século, sem contar com uma possível aceleração do derretimento das calotas de gelo na Groenlândia e na Antártica. Rahmstorf diz que as suas estimativas mais otimistas são de uma elevação entre 50 cm e 1 metro até o ano de 2100. No século passado, o mar subiu 17 cm.
Um panorama como o previsto por Rahmstorf poderia levar desde ilhas do Pacífico até cidades como Tóquio e Nova York a enfrentar grandes tempestades, erosão e, no pior cenário, total alagamento.
O IPCC foi criticado nos últimos anos após ter de corrigir seu relatório de 2007, que superdimensionou as taxas de derretimento das geleiras do Himalaya e previu, erroneamente, sua extinção até 2035.
Cerca de 200 países estão reunidos em Doha, até o dia 7 de dezembro, para a 18ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro sobre as Mudanças Climáticas (COP-18). Os representantes debatem acordos para reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa e barrar o aquecimento do planeta. As negociações, espera-se, vão estabelecer os detalhes de um tratado a ser assinado em 2015, para entrar em vigor em 2020.
RPR/rtr/afp/dpa
Revisão: Alexandre Schossler