Mês de junho foi o mais quente já registrado, diz UE
7 de julho de 2023O último mês de junho foi o mais quente desde 1991, com temperaturas recordes registradas tanto em terra quanto nos oceanos, informou nesta quinta-feira (06/07) o Serviço Copernicus para as Mudanças Climáticas (C3S), órgão da União Europeia.
Levando em conta a média de temperaturas globais, junho de 2023 ficou 0,53 ºC acima dos índices registrados entre 1991 e 2020 no mesmo período, superando "substancialmente" o recorde anterior, de 2019.
Ainda segundo o órgão europeu, dados preliminares indicam que a terça-feira (04/07) foi o dia mais quente já registrado, com temperatura média global de 17,03 ºC, quebrando um novo recorde que havia sido estabelecido no dia anterior, de 16,88 ºC.
Dados de pesquisadores da Universidade do Maine (EUA) divulgados nesta quarta-feira já haviam apontado para um outro recorde, acima desse patamar: 17,18 ºC.
Além disso, segundo o C3S, o nível de gelo na Antártida atingiu o seu ponto mais baixo para junho – 17% a menos – desde o início do monitoramento via satélite.
Especialistas ainda investigam as causas da alta nos termômetros, mas entre as explicações possíveis estão as mudanças climáticas e fenômenos climáticos de curto prazo, como o El Niño, que periodicamente aquece as águas dos oceanos Pacífico e Atlântico e eleva as temperaturas globais, provocando secas em algumas regiões e chuvas intensas em outras.
O calor foi especialmente perceptível na região do noroeste europeu e em países como Índia, Irã, Canadá, China e México, onde temperaturas extremas foram apontadas como responsáveis pela morte de centenas de pessoas.
Em contraste, outras regiões do globo tiveram temperaturas mais baixas do que o usual, caso do oeste da Austrália, oeste dos Estados Unidos e oeste da Rússia.
El Niño deve quebrar novos recordes
Professor de ciência climática do Grantham Institute no Imperial College London, Joeri Rogelj disse à Reuters esperar que novos recordes sejam quebrados por causa do El Niño nos próximos meses, e fala em "avanço preocupante" das mudanças climáticas.
Tom semelhante foi adotado pelo secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres. Ele se referiu à situação como "fora de controle" e cobrou dos países ricos que reduzam suas emissões de carbono até 2040, meta que, segundo ele, também precisa ser atingida pelos países emergentes até 2050.
O mundo aqueceu em média 1,2 ºC desde a metade do século 19, fenômeno creditado principalmente à atividade humana, com a queima de combustíveis fósseis.
Além de causar prejuízos ao agronegócio, acelerar o derretimento das geleiras e aumentar o risco de incêndios, temperaturas elevadas também podem impactar a saúde humana, provocando infartos, desidratação e estresse cardiovascular.
ra (AFP, dpa, Reuters)