México vai às urnas em eleição marcada pela violência
1 de julho de 2018Quase 90 milhões de mexicanos estão convocados às urnas neste domingo (01/07) para eleições presidenciais, estaduais e municipais, num escrutínio histórico, em que o candidato da esquerda aparece com larga vantagem face a seus rivais dos partidos tradicionais.
Andrés Manuel López Obrador, de 64 anos, chamado de Amlo pelos seus apoiadores, protagoniza sua terceira tentativa de ocupar a presidência, à frente de uma coligação comandada pelo Movimento Regeneração Nacional (Morena) e num momento em que o presidente cessante, Enrique Peña Nieto, termina seu mandato de seis anos assinalado pela persistência da violência.
Uma vitória de Amlo significará uma profunda alteração da cena política mexicana, que desde 1988 gira em torno de três formações: o Partido Revolucionário Institucional (PRI, centrista), o Partido Ação Nacional (PAN, direita) e o Partido da Revolução Democrática (PRD, centro-esquerda).
As últimas sondagens davam a Amlo cerca de 54% das intenções de voto, uma vantagem entre 20 a 30 pontos face a Ricardo Anaya Cortéz, que dirige a coligação de direita e de centro-esquerda integrada por PAN, PRD e Movimento Cidadão e que disputa a segunda posição com o candidato do PRI, José Antonio Meade.
O independente Jaime Rodriguez Calderón, conhecido como "El Bronco", surge na última posição, com cerca de 3%. Não há segundo turno no México.
Para além do urgente combate à corrupção e da violência generalizada, atribuídas ao narcotráfico, Amlo será forçado a confrontar o presidente dos EUA, Donald Trump, que ameaçou romper o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) que também abrange o Canadá), além de pretender iniciar a construção de um muro na fronteira comum, após acusar seu vizinho do sul de "nada fazer" contra a imigração clandestina proveniente da América Central.
Numa campanha eleitoral já definida por vários especialistas como "a mais violenta" da história do país, os números mais recentes indicam que 133 políticos ou ativistas envolvidos no atual escrutínio foram assassinados.
Perante esse cenário, e na perspectiva de uma chegada ao poder, López Obrador e seu círculo mais próximo optaram por uma atitude cautelosa, prometendo durante a campanha "não espionar nem reprimir" e garantir o "direito à crítica e à divergência".
O "melhor comunicador político" do país, como é definido por diversos analistas, também moderou sua retórica de esquerda e parece disposto a promover alianças através do espectro político mexicano e a uma aproximação com setores empresariais. Ele também prometeu erradicar a corrupção e combater a pobreza.
Amlo parece ter tirado lições de suas duas derrotas em eleições presidenciais, marcadas por denúncias de fraude eleitoral em larga escala e por grandes protestos populares, liderados justamente por ele, em especial após o escrutínio de 2006, quando os resultados oficiais lhe deram 35,3%, contra 35,9% para Felipe Calderón.
AS/lusa/efe
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