Mãos à obra para a Copa de 2006
21 de outubro de 2002Segundo o Comitê Organizador do mundial, no que diz respeito à infra-estrutura, tudo está correndo conforme o previsto. "Em muitas cidades, os estádios já têm condições de sediar a copa", garante Franz Beckenbauer, presidente do comitê.
Na verdade, apenas duas das 12 cidades-sede possuem estádios dentro do previsto para o mundial. Em Gelsenkirchen, o Arena AufSchalke, com teto e gramado móveis, brilha entre os mais modernos do mundo. Em Hamburgo, o antigo Volksparkstadion passou por ampla modernização e, por força de patrocínio, chama-se agora AOL Arena. Ambas as obras foram promovidas antes mesmo da escolha da Alemanha para sediar a Copa do Mundo
Crise financeira ameaça – Em todas as demais dez cidades, os estádios ainda precisam ser construídos, reformados ou ampliados. Apesar de tudo estar dentro do cronograma, paira no ar um certo temor de que ele não possa ser cumprido. Beckenbauer está preocupado principalmente com a situação financeira de alguns clubes, cujas receitas sofreram sérios cortes com a falência do Grupo Kirch, detentor dos direitos de transmissão dos jogos do Campeonato Alemão e também da Copa do Mundo.
"Isto pode ter conseqüências especialmente onde os clubes são donos dos estádios e precisam participar do financiamento das obras", admite o Kaiser do futebol alemão. O caso mais sério chama-se Kaiserslautern. A reforma do Fritz-Walter-Stadion está orçada em 48 milhões de euros, mas o clube não tem até agora os 19 milhões que lhe cabem.
A cidade homônima, porém, não corre o risco de perder o direito de sediar jogos, segundo Wolfgang Niersbach. O vice-presidente do Comitê Organizador está confiante de que o penúltimo colocado do Campeonato Alemão "conseguirá superar a situação".
Saindo do zero – Todos os demais projetos parecem mais do que garantidos. Em Munique, por exemplo. Na capital bávara, após o impedimento de se ampliar e modernizar o famoso Estádio Olímpico, um novo centro esportivo será erguido, ao custo de 280 milhões de euros. O empreendimento é tripartite, entre a companhia municipal Stadion München e os clubes Bayern de Munique e 1860 Munique.
Mais da metade dos recursos já estão assegurados. O Bayern vendeu 10% de sua cota por 75 milhões de euros para a Adidas. A seguradora Allianz pagará 90 milhões à empresa municipal para ver o estádio batizado com seu nome, durante 15 anos.
Estádio completamente novo também ganhará Leipzig, a única cidade-sede do mundial sem time na primeira ou segunda divisão do futebol alemão. Por conta disto, o empreendimento é, em princípio, todo público e a União assumiu a metade dos 100 milhões de euros do custo da construção do estádio local. O restante terá de ser coberto depois pela arrecadação do complexo esportivo, que também será usado para shows e grandes festas.
Estádio, investimento lucrativo– Que investir calculadamente em estádio de futebol é bom negócio, sabe o Schalke. A ousadia em construir, há poucos anos, o mais moderno complexo multifuncional da Alemanha vem obtendo retorno tranqüilo. Anualmente, o clube de Gelsenkirchen paga 14,3 milhões de euros em amortização e juros, até 2016. A cifra não assusta. Os jogos do time em casa estão quase sempre lotados.
Referindo-se à grande variedade de eventos realizados no complexo, o empresário Rudi Assauer afirma que "basta o estádio encher pela metade mais cinco vezes ao ano" e a conta está paga. Somente com o aluguel anual de seus 72 camarotes, o Schalke arrecada 8,5 milhões de euros. O Hamburgo tem um saldo bem menor a quitar. Pela reforma do AOL Arena, o clube tem de faturar 6,6 milhões ao ano.
O Borussia Dortmund também tem boa experiência. Após bem-sucedidas ampliações, o atual campeão mundial terá mais uma vez que aumentar a capacidade do Westfalenstadion para o mundial. O orçamento chega a 36 milhões de euros. "Graças a nossa concepção e nossos fantásticos torcedores, não teremos problemas", acredita Michael Meier, empresário do único clube do país cotado em bolsa de valores e líder em público.