Museu Nacional recebe doação de R$ 800 mil do governo alemão
11 de dezembro de 2018O Museu Nacional, que foi destruído em um incêndio no início de setembro, recebeu nesta segunda-feira (10/12) uma doação de 180.800 euros (cerca de R$ 800 mil) do governo alemão. O dinheiro será usado emergencialmente para comprar computadores e materiais para ajudar na recuperação do acervo severamente danificado que foi recuperado dos escombros do prédio, no Rio de Janeiro.
Em uma cerimônia em que ocorreu a entrega de um grande cheque simbólico, o cônsul-geral da República Federal da Alemanha no Rio de Janeiro, Klaus Zillikens, disse que essa verba é apenas uma etapa inicial da ajuda oferecida pelo governo alemão. Berlim prometeu disponibilizar até 1 milhão de euros (cerca de R$ 4,5 milhões) para ajudar na recuperação do museu.
Além disso, o governo alemão também já colaborou com o envio de especialistas. Em setembro, dois deles, de Colônia, cidade-irmã do Rio de Janeiro, viajaram ao Brasil para ajudar na recuperação e reconstrução do museu.
Parte dos quase 190 mil euros entregues nesta segunda-feira será usado para que os técnicos do museu comprem emergencialmente materiais listados pelas equipes que trabalharam na recuperação dos itens, como lupas especiais. Uma delas deve ser usada para os trabalhos de reconstituição do crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo já encontrado no Brasil.
"A diversidade do Brasil e do mundo será preservada", afirmou Zillikens. "Para nós, zelar pela conscientização em relação à nossa própria história e à de outras culturas é um dever político e social."
O diretor do museu, Alexander Kellner, disse que a doação deve acelerar o processo de recuperação. "É um valor que entra para aquilo que a gente precisa. Nós estamos extremamente gratos pela sensibilidade do governo alemão", disse o diretor.
Recuperação
Também nesta segunda-feira, o Museu Nacional divulgou que foram achados mais de 1.500 itens nos últimos três meses durante os trabalhos de busca nos escombros do prédio, que também foi residência de D. Pedro 2° durante o Império.
Entre os itens estão peças das coleções, equipamentos, objetos pessoais, fragmentos arquitetônicos e alguns objetos ainda não identificados. Em outubro, o museu anunciou a recuperação de partes do crânio e do fêmur de Luzia.
Alguns materiais de arqueologia, mineralogia e etnologia já foram encontrados e reconhecidos. Entre eles estão peças pré-históricas, pontas de flechas em metal feitas por indígenas do início do século 20, urnas de cerâmica de origem tupi e marajoara, pedras como turmalina negra, além de bonecas Karajá, registradas como patrimônio imaterial do Brasil.
O acervo tinha no total mais de 20 milhões de peças. Vários itens não foram atingidos pelo incêndio, como as coleções de invertebrados, vertebrados e de botânica, que estavam em outros prédios.
Segundo o diretor do museu, o trabalho de resgate está seguindo conforme o previsto. O foco maior está no escoramento das paredes mais frágeis. Já o trabalho de cobertura do palácio deve ser iniciado em janeiro.
O trabalho de escoramento do prédio está sendo executado por uma empresa contratada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), responsável pelo museu, com uma verba de R$ 8,9 milhões que foi liberada pelo Ministério da Educação.
JPS/ots/abr
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