Museu de Karlsruhe tematiza poder das imagens
10 de maio de 2002A mostra, que foi preparada ao longo de quatro anos, ganhou uma atualidade inesperada em vista da recente tragédia em Erfurt – em que um ex-estudante matou num ginásio 16 pessoas e se suicidou em seguida – e o subseqüente debate sobre o papel de filmes e vídeos que veiculam a violência.
Iconoclash. Para além das guerras às imagens na ciência, religião e arte
, aberta ao público até 4 de agosto no Centro de Arte e Tecnologia da Mídia (ZKM), de Karlsruhe, foi organizada por um grupo internacional e interdisciplinar liderado por Peter Weibel.A iconoclastia, o combate às representações, sua destruição, é um fenômeno que atravessa os tempos e transpõe fronteiras geográficas. As ações dos talibãs pondo fim às imagens de Buda no Afeganistão, as dúvidas levantadas em relação às técnicas de representação por imagem, o desmascaramento de manipulações pelos meios de comunicação são manifestações em nossos dias.
Conscientizando paradoxos –
A intenção da mostra, contudo, não é acentuar a consciência crítica nem a tendência para o ceticismo e a ironia, e sim apresentar aspectos múltiplos que acentuem principalmente os paradoxos desde sempre existente. Ou seja, os impulsos de criar representações, imagens, emblemas e, ao mesmo tempo, de destruí-los.E, tendo em vista sobretudo o atual debate sobre a representação da violência nos meios de comunicação, indagar até que ponto são legítimas, confiáveis e verdadeiras as representações. Questionar qual o uso que fazemos daquilo que a mídia nos oferece.
Weibel rechaça a proibição de imagens com cenas de violência. "Se proíbo as imagens, atribuo a elas um poder que elas não possuem", afirma. "Torno-me então um agente da midiatização que considero problemática. E caio na cilada da iconofilia, que atribui às imagens um alto grau de veracidade", completa em entrevista ao diário Süddeutsche Zeitung.
A Iconoclash não é uma exposição de arte, nem sobre a arte e a ciência, nem sobre a história da arte. Ela mostra, sim, obras de arte das mais diversas épocas e estilos, mas também documentos, objetos científicos, tais como tabelas matemáticas, imagens da pesquisa sobre a teoria do caos e sobre a astronomia, bem como objetos de culto religioso, como altares medievais e estátuas de Buda.