Cidades e Roteiros
30 de maio de 2009Após a Pinacoteca de Arte Moderna, os amantes da arte ganharam novo espaço na capital bávara. Localizado vizinho à Pinacoteca, o Museu Brandhorst abriga a coleção de cerca de 700 peças que o mecenas alemão Udo Brandhorst entregou ao estado da Baviera, depois que sua esposa Anette faleceu em 1999.
A condição imposta por Brandhorst para a doação foi a construção de um prédio próprio para abrigar a coleção, avaliada em mais de 100 milhões de euros. O projeto do escritório berlinense Sauerbruch e Hutton foi o vencedor do concurso arquitetônico para o museu, que recebeu cerca de 250 propostas.
Além de obras de pintura, escultura e instalações do século 20, o prédio minimalista que as abriga é uma atração à parte. Revestido em placas cerâmicas em 23 tons diferentes, sua construção custou 48 milhões de euros e, devido ao jogo de cores do revestimento da fachada, já ganhou o codinome de "pulôver colorido" pelos habitantes de Munique.
Cy Twombly
Com uma obra de Picasso, Udo e Anette Brandhorst iniciaram, no início dos anos de 1970, sua coleção de arte do século 20. Entre as centenas de peças da coleção, que vão de Bruce Naumann a Jean-Michel Basquiat, o diretor do Museu Brandhorst, Armin Zweite, selecionou 180 obras que o visitante poderá apreciar nos 3,2 mil metros quadrados de área de exposição do novo prédio.
O ponto forte do acervo são os trabalhos do ícone da pop art, Andy Warhol, e do pintor também norte-americano Cy Twombly. Praticamente todo o andar superior do edifício está dedicado aos quadros em grande formato de Twombly. Zweite expõe 59 das 80 obras do pintor norte-americano adquiridas por Brandhorst. Trata-se da maior coleção de obras do renomado artista fora dos EUA.
Andy Warhol, Gerhard Richter e Sigmar Polke
Contrastando com o lirismo das pinturas de Twombly, o museu apresenta os chamativos quadros de Warhol. Também pertence ao ícone da pop art o maior quadro do museu – uma série de retratos de Jesus Cristo do ciclo A última ceia.
Além dos quadros de Twombly e Warhol, o acervo do museu conta, entre outros, com instalações de Damien Hirst e obras de Gerhard Richter, Sigmar Polke, Alex Katz e Jeff Koons.
Bonito e ecológico
O que antes estava nas paredes da residência do casal em Colônia, hoje se encontra no edifício projetado pelo alemão Matthias Sauerbruch e pela britânica Louisa Hutton, em Munique. A edificação não é somente bela, mas também ecológica. Através de um moderno sistema de climatização, são emitidas 390 toneladas de CO2 a menos que em construções convencionais.
Por trás das 36 mil plaquetas cerâmicas coloridas da fachada, os arquitetos esconderam o necessário isolamento acústico. No entanto, segundo Matthias Sauerbruch, "a fachada nasceu do desejo de trazer para fora a experiência estética que se pode ter no interior".
Feliz coincidência
O novo museu se localiza num pequeno terreno ao lado do imponente prédio da Pinacoteca da Modernidade em Munique. Para a diretora da Pinacoteca, Carla Schulz-Hoffmann, os dois edifícios se complementam de forma espetacular.
Segundo Schulz-Hoffmann, o acervo da Pinacoteca dá uma visão geral da arte do século 20 e 21, através da escolha de alguns poucos artistas de alto nível, mas com um acervo diversificado. Um colecionador privado, explicou, pode se dar ao luxo de acompanhar a obra de seus artistas prediletos.
A diretora da Pinacoteca de Arte Moderna de Munique considera uma grande sorte o fato de que as obras da coleção Brandhorst coincidam com aquelas que sua instituição gostaria de ter comprado, caso dispusesse de mais meios financeiros para tal.