Mulheres que romperam silêncio são Pessoa do Ano da "Time"
6 de dezembro de 2017A revista Time escolheu como Pessoa do Ano de 2017 as mulheres que denunciaram publicamente o assédio ou abuso sexual de que foram vítimas, anunciou a publicação nesta quarta-feira (06/12), em Nova York.
Grande parte dessas denúncias foram feitas no âmbito do movimento #MeToo, que surgiu após as dezenas de acusações feitas contra o produtor de cinema Harvey Weinstein.
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A onda de denúncias públicas de má conduta sexual teve como alvo não apenas Weinstein, mas também uma série de personalidades da política, da mídia e da indústria do entretenimento, como o ator Kevin Spacey. As acusações levaram a demissões e investigações.
O movimento ganhou força de forma espontânea, em outubro, depois de a atriz e ativista Alyssa Milano ter postado: "Se você sofreu assédio ou abuso sexual, escreva 'me too' como reply para este tuíte." A hashtag foi usada cerca de um milhão de vezes em apenas 48 horas.
"Esta é a mudança social mais rápida que presenciamos em décadas, e ela começou com atos individuais de coragem por centenas de mulheres – e alguns homens, também – que vieram contar suas próprias histórias", afirmou o editor-chefe da Time, Edward Felsenthal, à emissora NBC.
No título da atual edição da revista estão mulheres que romperam o silêncio, como a atriz Ashley Judd, a cantora Taylor Swift e a analista de sistemas Susan Fowler.
"Eu nunca poderia ter imaginado algo que iria mudar o mundo. Eu estava tentando mudar a minha comunidade", disse Tarana Burke, criadora da hashtag #MeToo, à emissora NBC. "Este é apenas o começo. Não se trata apenas de um momento, mas de um movimento. Agora o trabalho realmente tem início."
Em segundo lugar como Pessoa do Ano da Time foi escolhido o presidente dos EUA, Donald Trump, o qual também foi acusado de má conduta sexual por uma série de mulheres. Ele nega as acusações. Trump foi a Pessoa do Ano da Time no ano passado.
Entre os finalistas também estava o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o conselheiro especial do Departamento de Justiça dos EUA Robert Mueller, que lidera a investigação sobre a suposta interferência da Rússia na eleição presidencial vencida por Trump.
A distinção anual da revista Time reconhece a pessoa, o grupo ou a ideia que a publicação julga ter tido a maior influência sobre acontecimentos no ano em questão.
AS/LPF/dpa/afp/rtr/ap