Mulheres ganham 21% menos que os homens na Alemanha
8 de março de 2016As mulheres nunca foram tão bem qualificadas na Alemanha. Um quarto daquelas em idade ativa possuíam um diploma acadêmico ou uma qualificação de nível superior em 2011, divulgou o Departamento Federal de Estatísticas (Destatis) nesta segunda-feira (07/03). Quando consideradas apenas as mulheres entre 30 e 34 anos de idade, a taxa chegou a 35%, comparada aos 31% dos homens.
No entanto, o aumento do número de mulheres com formação superior não significa melhores salários para as mulheres. Dados do Departamento de Estatísticas da União Europeia (Eurostat) divulgados na semana passada apontam que a diferença salarial média entre homens e mulheres no setor privado é de 21,6%.
Quando se trata de homens e mulheres trabalhando na mesma indústria, na mesma posição e com as mesmas qualificações, a distância diminui para 7%.
Entre os países europeus, a Itália tem a "melhor" diferença de salário média entre os dois gêneros no setor privado, de 6,5%. Já as mulheres da Estônia enfrentam o cenário mais desfavorável, recebendo em média 28,3% a menos do que os homens.
No Brasil, as mulheres ganham em média, 74,5% do salário dos homens, ou seja, 25,5% a menos, segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em novembro do ano passado.
Discriminação e posições de gerência
O Ministério do Trabalho Alemão relaciona a diferença salarial em parte à "discriminação indireta", o que significa que as mulheres recebem menos oportunidades de ascender na carreira. Em 2014, 29% das posições de gerência na Alemanha eram ocupadas por mulheres – taxa que coloca o país abaixo da média de 33% na União Europeia. O Destatis afirma que a proporção se manteve praticamente estável na Alemanha nos últimos dois anos.
A Letônia lidera o ranking europeu, com 44% das mulheres nesses postos, enquanto no Chipre a taxa é de apenas 17%.
Há uma série de motivos por trás das diferenças salariais e dos obstáculos à promoção. Eles incluem o fato de que as mulheres são mais propensas a trabalhar em setores de pior remuneração, como saúde ou comércio, e a trabalhar meio período. E costuma haver menos oportunidades de promoção para quem não trabalha em tempo integral.
A Confederação Alemã de Sindicatos (DGB, na sigla em alemão) defende que os homens "reduzam sua carga horária em certos estágios da vida" e que empregadores ofereçam condições para que as mulheres que trabalham meio período possam, aos poucos, aumentar o tempo de trabalho. Tais pontos também são defendidos pelo Instituto de Pesquisa de Emprego de Nurembergue, que sustenta que creches de alta qualidade e baixo custo deveriam continuar sendo prioridade.
O número das mulheres que trabalham fora é hoje 13% mais alto que há uma década. No entanto, o fato de que elas trabalham sob piores condições do que os colegas do sexo masculino indica que ainda há muito espaço para melhoras e para reflexão neste Dia Internacional da Mulher.
LPF/dpa/epd/dw