Mudança de peso
19 de setembro de 2003O que para alguns já não presta mais, para outros pode ser uma dádiva. Lições de religião à parte, aqui trata-se da desmontagem completa de usinas siderúrgicas para posterior transporte e montagem em outro continente. Esta operação mamute está em andamento na Alemanha e tem um só destino: China.
Obsoletas no próprio país, as robustas aciarias alemãs escondem tecnologia valiosa para os asiáticos. O maior desmonte da história industrial aconteceu em Dortmund, no oeste alemão. Mil chineses participaram da minuciosa operação numa usina da ThyssenKrupp, que será montada em Xangai.
Meio ambiente ─ A usina de coque mais moderna e menos poluidora da Europa está sendo desmontada em Kaiserstuhl, no oeste alemão. Depois de oito anos de funcionamento, ela foi desativada há três, após perder sua rentabilidade com o fechamento de um alto-forno em Dortmund.
Cerca de 300 chineses participam do desmonte, previsto inicialmente para durar um ano e meio, mas que deve terminar em sete meses. Ignorando a legislação trabalhista alemã, eles cumprem uma jornada de dez horas por dia, seis dias por semana.
A venda foi efetuada pela companhia Deutsche Steinkohle AG para a Famous Industrial Group, que por sua vez a passou ao Yankuang Group, maior grupo chinês estatal de mineração. Técnicos alemães selam para que sejam mantidos os padrões de segurança.
O preço é segredo guardado a sete chaves. O responsável pela desmontagem, Mo Lishi, destaca a importância para a indústria em seu país: "Depois que estiver reconstruído, será o maior forno deste tipo na China. Sem falar na proteção do meio ambiente, que sem dúvida trará grandes progressos para a China".
Aumento na produção ─ O grupo alemão ThyssenKrupp ─ sétimo maior produtor mundial em 2001, com 16,2 milhões de toneladas ─ anunciou esta semana que pretende ampliar sua produção de aço na China. A demanda registra um grande aumento no maior importador do mundo, graças ao rápido crescimento de setores como as indústrias automobilística e da construção.
Até o final de 2004, a empresa pretende multiplicar por dez sua capacidade de produção na China para 700 mil toneladas, declarou seu presidente, Ekkehard Schulz. A ThyssenKrupp possui 60% da Shanghai Krupp Stainless, uma joint-venture com um parceiro chinês.