Moscou nega valas comuns, Zelenski anuncia nova ofensiva
19 de setembro de 2022Moscou rejeitou nesta segunda-feira (19/09) como "mentiras" as alegações ucranianas sobre centenas de túmulos perto da cidade de Izium, no leste da Ucrânia. "Isso são mentiras. É claro que defenderemos a verdade nesta história", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
De acordo com as autoridades ucranianas, mais de 440 sepulturas e uma vala comum foram descobertas depois que unidades ucranianas recapturaram a área de Izium, que havia sido ocupada por tropas russas. Desde o início de sua invasão da Ucrânia, a Rússia nega repetidamente ter cometido atrocidades no país.
"Não é silêncio"
No domingo, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, anunciou novos ataques em áreas ocupadas por tropas russas na Ucrânia: "Talvez pareça a alguns de vocês que depois de uma série de vitórias houve silêncio, mas não é silêncio."
Em seu discurso de vídeo divulgado neste domingo à noite, o chefe de Estado afirmou que as forças ucranianas preparam uma nova ofensiva, cujo objetivo é, entre outros, a recaptura das cidades de Mariupol, Melitopol e Kherson.
No entanto, suas tropas não se concentrarão apenas nas áreas controladas por Kiev antes da invasão russa em fevereiro, mas vão também retomar os territórios dos separatistas do leste, reconhecidos por Moscou como "repúblicas populares", e as cidades da Crimeia anexadas pela Rússia em 2014. "Porque toda a Ucrânia deve ser livre", frisou Zelenski.
Depois de invadir a Ucrânia em 24 de fevereiro, a Rússia conquistou grandes áreas no sul e leste do país, e ainda ocupa cerca de 125 mil quilômetros quadrados, correspondentes a cerca de um quinto do território da Ucrânia, incluindo a Península da Crimeia.
Novos sucessos ucranianos
Após a bem-sucedida contraofensiva do exército ucraniano na região de Kharkiv, aparentemente começa a ceder também a nova linha de frente construída pelas tropas russas na margem leste do rio Oskil. De acordo com os militares do país invadido, suas unidades atravessaram o rio com sucesso.
"As Forças Armadas ucranianas atravessaram o rio Oskil. A partir de ontem, a Ucrânia também controla a margem esquerda", anunciou o serviço de imprensa das Forças Armadas ucranianas num vídeo em seu canal no Telegram.
Na contraofensiva no início de setembro, as forças ucranianas avançaram na região de Kharkiv até o rio Oskil. Na margem oposta, as tropas russas estabeleceram uma nova linha de defesa, repelindo várias tentativas dos ucranianos de atravessar o rio.
Estabelecer uma cabeça de ponte na margem leste do rio Oskil seria uma conquista estrategicamente importante para as tropas ucranianas, permitindo-lhes continuar seu ataque em direção à região de Lugansk.
Ataque perto de usina nuclear
Tropas russas atacaram a usina nuclear de Pivdennoukrainsk, na região de Mykolaiv, no sul, na manhã desta segunda-feira. Entretanto, os reatores da central não foram danificados e estão funcionando normalmente, segundo a empresa nuclear estatal ucraniana Energoatom.
Uma explosão ocorreu a 300 metros dos reatores e danificou os prédios da usina logo após a meia-noite, afirmou a Energoatom em comunicado. O ataque também danificou uma usina hidrelétrica próxima e linhas de transmissão. No entanto, "atualmente, todas as três unidades de energia da Central Nuclear de Pivdennoukrainsk estão operando normalmente; felizmente não houve vítimas entre os funcionários da usina"
"Os invasores quiseram atacar de novo, mas esqueceram o que é uma usina nuclear. A Rússia põe em perigo o mundo inteiro. Temos que parar antes que seja tarde demais", afirmou Zelenski, em comentário sobre o ocorrido, através do aplicativo de mensagens Telegram, Não houve reação russa imediata às acusações da Ucrânia.
A região de Mykolaiv tem estado sob constante ataque de mísseis russos nas últimas semanas. Em Zaporíjia, a maior usina nuclear da Europa, cerca de 250 quilômetros a leste da central em Mykolaiv, foi desligada no início de setembro devido a bombardeios russos que geraram apreensão quanto a um possível desastre nuclear.
A Rússia e a Ucrânia culparam-se mutuamente pelos bombardeios na central de Zaporíjia, controlada pelas forças russas mas operada por funcionários ucranianos.
O órgão de vigilância nuclear da ONU informou neste fim de semana que uma das quatro principais linhas de energia da usina nuclear de Zaporíjia foi reparada e está novamente fornecendo eletricidade à usina.
md/av (DPA, Reuters)