Mortes civis no Afeganistão são as mais numerosas em 9 anos
24 de fevereiro de 2019A guerra no Afeganistão causou em 2018 11% mais mortes civis do que no ano anterior. Trata-se de um recorde desde 2009, quando as Nações Unidas começaram a contabilizar as vítimas civis no conflito afegão.
A Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Unama) divulgou neste domingo (24/02) seu relatório 2018 sobre as vítimas civis da guerra. Segundo o documento, 3.804 civis morreram e 7.189 ficaram feridos, contra 3.438 civis mortos e 7.015 feridos de 2017.
"O nível de prejuízo e sofrimento causado aos civis no Afeganistão é muito preocupante e totalmente inaceitável", afirmou o chefe da Unama, Tadamichi Yamamoto, no relatório divulgado somente pela internet, ao contrário de outros anos.
Nesta segunda-feira, representantes americanos e dos talibãs se reúnem em Catar para discutir sobre a guerra que já causou a morte de 32 mil civis e deixou outros 60 mil feridos na última década.
As principais causas do aumento de vítimas civis teriam sido o acréscimo dos ataques suicidas por insurgente, assim como dos bombardeios aéreos das forças afegãs e das internacionais enviadas para o Afeganistão.
A Unama atribuiu 63% do total das quase 11 mil vítimas civis aos insurgentes: 37% aos talibãs, 20% à milícia jihadista "Estado Islâmico" (EI), e os demais 6% a ações de grupos antigovernamentais não identificados.
Por outro lado, forças pró-governo seriam responsáveis por 24% dos mortos e feridos civis, concretamente: 14% as tropas afegãs, 6% as forças internacionais e 4% grupos armados que atuam do lado do governo em Cabul. A Unama não pôde identificar quem esteve por trás dos demais 13% de vítimas.
Apelando a todas as partes do conflito para façam mais a fim de evitar vítimas civis, a missão da ONU destacou que uma das suas principais preocupações em 2018 foi o aumento de crianças mortas registradas: 927, o número mais alto da última década, vitimadas sobretudo por bombardeios aéreos e ataques suicidas.
"O fato de o número de crianças mortas este ano ser o maior registrado até o momento é especialmente chocante", ressaltou no relatório a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.
As negociações de paz, atualmente em curso entre Washington e o Talibã, despertam esperanças de um fim do conflito que dura 18 anos. Por outro lado, a eventual retirada das forças americanas do Afeganistão desperta temores de uma guerra civil ainda mais sangrenta.
AV/efe,afp,dw
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