Morre último macho de rinoceronte-branco-do-norte
20 de março de 2018Pode ser o fim de uma subespécie de rinoceronte, já que morreu nesta segunda-feira (19/03) o último macho de rinoceronte-branco-do- norte.
Conhecido como Sudão, o animal tinha 45 anos e adoeceu nos últimos meses devido à idade avançada. A idade de 45 anos equivale a de um humano com mais cem anos. Nas últimas 24 horas, o quadro de saúde do rinoceronte piorara muito, e, diante do seu sofrimento, a equipe médica da reserva Ol Pejeta Conservancy, no Quênia, optou pela morte por eutanásia.
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Sudão havia se recuperado bem, no final de 2017, de uma infecção na pata direita, mas, no final de fevereiro, teve uma recaída e, desta vez, a sua condição era muito mais grave.
Por causa da caça de rinocerontes na África e na Ásia, restam menos de 29 mil representantes dessa espécie. Da subespécie de Sudão há apenas duas fêmeas vivas.
Sudão nasceu em 1973 no Sudão, mas aos 2 anos foi forçado a migrar para um zoológico na República Tcheca. Lá viveu a maior parte do tempo e teve duas descendentes fêmeas, que são hoje as únicas representantes da espécie. Sudão foi transferido para a reserva de preservação queniana em 2009.
Solteiro cobiçado
Sudão era famoso na internet. No Twitter era apresentando como embaixador das espécies ameaçadas de extinção.
Em 2014 ganhou uma conta no Tinder, rede social para solteiros em busca de um relacionamento, e se tornou o solteiro mais cobiçado do mundo. O perfil informava que Sudão era alto – tinha 3,83m – e forte – pesava mais de duas toneladas. Relaxar na grama era um de seus hobbies.
O perfil do mamífero no Tinder fazia parte de uma campanha da reserva Ol Pejeta para alertar sobre o perigo de extinção da subespécie caso não ocorresse uma reprodução rápida entre seus membros por meio da fertilização in vitro. Com a campanha, a reserva conseguiu arrecadar 10 milhões de dólares para a reprodução assistida.
Antes disso, a equipe já havia tentado acasalar Sudão com as duas fêmeas da subespécie que restavam, mas as tentativas foram frustradas.
Com a morte de Sudão, resta apenas seu material genético, que continuará sendo usado em tentativas de fertilização in vitro com óvulos das duas fêmeas vivas. A ONG internacional Save The Rhino estima que até 2026, dependendo da relação entre caça, mortes e novos nascimentos, os rinocerontes podem estar extintos.
Mais valioso que ouro
Por causa do risco de ser abatido por caçadores, Sudão vivia sob proteção máxima na reserva Ol Pejeta, acompanhado sempre por três guarda-costas armados com escopetas e rifles semiautomáticos.
O esquema de proteção reflete a triste realidade dos rinocerontes na África e na Ásia, onde são caçados por causa do seu chifre, que algumas pessoas acreditam ter o poder de curar doenças graves, como o câncer.
No Vietnã, o quilo do chifre de rinoceronte é muito valioso, chegando a 100 mil dólares. Lá o animal está extinto desde 2010.
No início do século 20 existiam cerca de 500 mil rinocerontes na região africana. Hoje estima-se que haja menos de 29 mil, considerando todas as subespécies.
LM/dw/afp/ap/efe