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PolíticaArgentina

Morre ex-presidente argentino Carlos Menem

14 de fevereiro de 2021

Peronista foi quem por mais tempo permaneceu na presidência da Argentina, de 1989 a 1999. Seu governo foi marcado por privatizações e forte abertura às importações.

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Foto em preto e branco do rosto envelhecido de Carlos Menem
Menem ocupava o cargo de senador desde 2005Foto: Ricardo Ceppi/Getty Images

O ex-presidente da Argentina e senador Carlos Saúl Menem morreu neste domingo (14/02), aos 90 anos. O político peronista estava internado no hospital Los Arcos, em Buenos Aires, desde 15 de dezembro do ano passado. Menem teve seus problemas de saúde agravados após contrair uma forte pneumonia em junho de 2020. Recentemente, uma infecção urinária complicou seus problemas cardíacos.

Filho de imigrantes sírios e advogado de profissão, Menem foi o presidente argentino a ficar mais tempo no cargo, de 1989 a 1999. Desde 2005, era senador e se manteve ativo na política quase até o fim da vida, chegando a participar das primeiras sessões virtuais do Senado argentino em meio à pandemia de covid-19.

Antes de ocupar a Casa Rosada, Menem foi governador de La Rioja, sua província natal, duas vezes, entre 1973 e 1976 e novamente de 1983 até o início da sua campanha para as eleições presidenciais de 1989, que venceu com 47,5% dos votos. Depois de reformar a Constituição, foi reeleito presidente em 1995, com 49,94% dos votos.

Privatizações e abertura comercial

Seu governo foi marcado por escândalos de corrupção, mas também pela transformação da economia, com uma grande abertura comercial a importações e um intenso processo de privatização de empresas públicas.

Para vencer a inflação, no começo dos anos 1990, implementou o sistema "um a um", que manteve o dólar e o peso argentino em paridade. O modelo funcionou no primeiro mandato, mas, após sua reeleição, começou a apresentar desequilíbrios e acabou explodindo e lançando as bases, segundo alguns analistas, para a crise do "corralito", desencadeada em 2001.

Sua forma de governar foi questionada dentro do heterogêneo partido fundado pelo ex-presidente Juan Perón, por vozes como os ex-presidentes Néstor Kirchner (2003-2007) e Cristina Kirchner (2007-2015). Eles o acusavam de promover o neoliberalismo, que não consideravam típico do peronismo. Nos últimos tempos, porém, Menem superou suas diferenças com o kirchnerismo, tornando-se aliado dessa corrente peronista.

Entre as polêmicas de seu governo, estão os indultos que Menem assinou em favor tanto dos militares que participaram da ditadura  (1976-1983) quanto dos líderes da guerrilha.

Com grandes divisões no peronismo, Menem concorreu pela última vez à presidência nas eleições de 2003. Embora tenha vencido o primeiro turno, desistiu de disputar o segundo, que deu a vitória automática a Néstor Kirchner, que era favorito.

Venda de armas e desvio de verbas

Menem foi detido em 2001 preventivamente por seis meses pela suposta venda ilegal de armas para a Croácia e o Equador, pela qual foi inicialmente condenado, mas, depois, absolvido.

Em 2019, foi condenado a três anos e nove meses de prisão por fraude na venda de um imóvel na década de 1990, o qual teria comprado com recursos públicos desviados. No entanto, por ocupar o cargo de senador, ele tinha imunidade parlamentar e só seria preso caso o Senado aprovasse a sua detenção, o que não ocorreu.

Além disso, o ex-presidente também foi absolvido da acusação de encobrimento dos autores do atentado contra o centro judaico AMIA, em Buenos Aires, em 1994, que deixou 85 mortos e 300 feridos.

O ex-presidente tinha três filhos: os dois mais velhos, Zulemita e Carlitos (que morreu em um acidente de helicóptero em 1995), com sua primeira esposa, Zulema Yoma, e o mais novo, Máximo, com a modelo chilena e ex-miss universo Cecilia Bolocco, com quem foi casado de 2001 a 2007.

le (efe, ots)