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História

Morre a ativista antiapartheid Winnie Mandela

2 de abril de 2018

Sul-africana tinha 81 anos e sofria de duradoura doença, diz família. Ela foi casada com Nelson Mandela durante os 27 anos em que ele ficou preso e foi uma das vozes na luta pelos direitos dos negros na África do Sul.

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A ativista antiapartheid Winnie Mandela, segunda mulher do ex-presidente Nelson Mandela, morto em 2013
A ativista antiapartheid Winnie Mandela, segunda mulher do ex-presidente Nelson Mandela, morto em 2013Foto: picture-alliance/AA/I. Haffejee

Winnie Madikizela-Mandela, ativista antiapartheid e ex-mulher do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, morreu nesta segunda-feira (02/04) aos 81 anos, segundo comunicou sua família.

"[Winnie] morreu pacificamente nas primeiras horas da tarde desta segunda-feira, cercada por sua família e entes queridos", informou uma nota divulgada pelo porta-voz Victor Dlamini.

Segundo o comunicado, a ativista morreu no hospital Milpark, na cidade de Joanesburgo, em decorrência de "uma longa doença pela qual foi hospitalizada várias vezes desde o início do ano". Em 20 de janeiro passado, ela recebera alta após ser internada com infecção nos rins.

A nota da família descreve a ativista como uma mulher que "lutou corajosamente contra o apartheid e sacrificou a sua vida pela liberdade do país".

"Ela manteve viva a memória do marido, Nelson Mandela, enquanto ele esteve preso em Robben Island [presídio próximo à Cidade do Cabo], e ajudou a dar à luta pela justiça na África do Sul uma das suas faces mais reconhecíveis", acrescenta o texto.

Winnie foi casada com o ex-presidente sul-africano por 38 anos, entre os quais 27 anos ela passou longe do marido, durante o longo tempo que Mandela passou na prisão – primeiro na ilha de Robben Island e, mais tarde, nas prisões de Pollsmoor e Drakenstein.

A imagem do casal caminhando de mãos dadas no dia da libertação de Mandela, em 1990, correu o mundo. Dois anos mais tarde, eles se separariam. O divórcio saiu em 1996, após um longo processo que envolveu revelações de infidelidade por parte de Winnie.

Nelson und Winnie Mandela
Nelson e Winnie Mandela após a libertação do ativista, em fevereiro de 1990Foto: Getty Images/AFP

A luta antiapartheid

A ativista sul-africana nasceu em 26 de setembro de 1936 na província do Cabo Oriental, no sul do país, e, aos 19 anos, recebeu seu diploma de assistente social, uma exceção para uma mulher negra naquela época.

Winnie se casou com Mandela em junho de 1958 – ela com 21 anos e ele com quase 40, pai de três filhos e recém-divorciado de sua primeira mulher, Evelyn Ntoko Mase.

Com a prisão do marido, ela assumiu a liderança da luta contra o governo de minoria branca na África do Sul, mas passou a ser vista como uma ameaça para o movimento de libertação depois que começou a enfrentar acusações de assassinato e tortura contra supostos traidores.

Sua reputação foi fortemente prejudicada após um discurso que ela deu em 1986 endossando uma prática conhecida como "necklacing" como punição para traidores da causa defendida pelo Congresso Nacional Africano (ANC), de seu marido. O termo se refere ao método brutal de colocar um pneu em volta do pescoço de alguém e atear fogo.

Winnie foi presa diversas vezes por suas atividades antiapartheid. Em 1991, foi julgada e condenada a seis anos de prisão – sentença posteriormente convertida em multa – pelo sequestro de um jovem militante, Stompie Seipei.

Em 1998, a Comissão da Verdade e Reconciliação, encarregada de julgar os crimes políticos durante o apartheid, considerou Winnie "politicamente e moralmente culpada de enormes violações dos direitos humanos". Ela negou envolvimento em qualquer assassinato.

O arcebispo Desmond Tutu, que liderou a comissão, falou sobre Winnie na ocasião: "Ela foi uma tremenda fortaleza em nossa luta e um ícone da libertação – mas algo deu errado, terrivelmente e gravemente errado".

Nesta segunda-feira, em declaração após a morte de Winnie, Tutu afirmou que a ativista, com "sua coragem desafiadora", foi "profundamente inspiradora para mim e para uma geração de ativistas". "Ela negou se abater após a prisão de seu marido, o assédio perpétuo sofrido por sua família por forças de segurança, as detenções e proibições", lembrou o arcebispo, vencedor do Nobel da Paz.

Após Mandela ser eleito o primeiro presidente negro da África do Sul, em 1994, Winnie ocupou o cargo de vice-ministra em seu governo, sendo mais tarde demitida por insubordinação. Em 2009, ela renovou a carreira política ao conquistar um assento no Parlamento sul-africano.

Winnie afirmou recentemente que visitara o ex-marido com frequência em seus últimos meses de vida, tendo estado presente quando ele morreu, em dezembro de 2013.

EK/ap/dpa/lusa/rtr

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