Hamburgo ensina a "mijões" que tudo que vai, volta
10 de março de 2015Conhecida por seus teatros, bares, baladas e sex shops, a avenida Repperbahn, no bairro boêmio de St. Pauli, é uma das atrações turísticas de Hamburgo, a segunda maior cidade da Alemanha. Cerca de 20 milhões de pessoas visitam o local a cada ano. E quando a cerveja faz efeito, a cena é clássica: homens de pé com as pernas abertas em frente às paredes. Cansados do cheiro de urina, os moradores do bairro querem que os "mijões" aprendam a se comportar.
Muitas pessoas esquecem que a área também é residencial, queixa-se a representante do bairro Julia Staron. "Poderia haver mais banheiros públicos. Mas muitos visitantes não querem saber deles, preferem fazer xixi na rua", diz.
Engajada na defesa dos interesses dos proprietários de lojas e imóveis do bairro, Staron e outros moradores buscaram soluções para os "mijões" com a ajuda de uma agência de publicidade. Durante as discussões, alguém lembrou que em navios e aviões é utilizada uma tinta especial que repele todos os líquidos.
Um revestimento do tipo não apenas protegeria as paredes, mas também faria com que a urina espirrasse de volta em direção ao "mijão". "Testamos a tinta em alguns pontos e constatamos que funciona", afirma Staron.
Mas St. Pauli não seria St. Pauli se os locais revestidos com a tinta cara fossem mantidos em segredo. Por isso, Staron e seus companheiros lançaram a campanha "St. Pauli pinkelt zurück" ("St. Pauli mija de volta").
Eles mandaram fazer placas, que serão penduradas em breve, com os dizeres em inglês e alemão: "Não mije aqui, nós mijamos de volta". Umvídeo publicado no Youtube alerta os visitantes, com humor, contra o perigo de sapatos e calças ficarem molhados.
A superfície pintada facilita a limpeza da parede, diz Staron. "Além disso, com as placas, deixamos claro aos visitantes que não queremos isso."
Milhões de visualizações
A campanha "St. Pauli mija de volta" é um sucesso. Em menos de uma semana, o vídeo disponibilizado na internet foi visto 2 milhões de vezes, e o telefone de Staron não para de tocar:
"Os responsáveis pela Oktoberfest em Munique entraram em contato. E as cidades de Bonn e Colônia também, por causa do carnaval", diz. Houve reações até mesmo da Rússia e de Cingapura. "Talvez tenhamos sido os primeiros a tornar o assunto público ou a falar tanto sobre o tema, mas o problema existe em muitos lugares do mundo."
Mais uma vez, St. Pauli não seria St. Pauli se a campanha parasse por aí. No fim de março, deve surgir o "Pinkelkarte" ("cartão do xixi"), com o qual é possível acumular pontos. "Queremos recompensar aqueles que se comportam bem. Quem usar o banheiro seis vezes, ganha uma dose de bebida", diz Staron.
Próximo problema da lista
A tinta será vendida no mercado noturno que fica no coração de St. Pauli, aberto até as 23h. A placa com os dizeres "Não mije aqui, nós mijamos de volta" será distribuída de graça àqueles que adquirirem uma lata do produto. As placas também serão vendidas separadamente, e Staron espera que a demanda seja grande.
Agora, a representante do bairro e os apoiadores da campanha buscam uma forma de proteger as placas daqueles que quiserem levar uma recordação do bairro para casa. E St. Pauli não seria St. Pauli se em breve eles não encontrarem uma solução.