Montadoras reagem e instalam filtros antipoluição
28 de março de 2005A indústria automobilística alemã está sujeita a enormes prejuízos por causa da falta de filtros antifuligem em veículos a diesel, advertiu o perito em carros Ferdinand Dudenhöffer.
Em artigo publicado no jornal Welt am Sonntag, o professor de Economia Automobilística da Escola Superior Técnica de Gelsenkirchen avaliou em até 30 mil o número de veículos que deixarão de ser vendidos nos próximos meses por causa da falta dos filtros que impedem a propagação no ar de partículas resultantes da combustão de óleo diesel.
Embora a indústria automobilística alemã relutasse até pouco tempo na instalação de tais filtros por causa da contenção de custos, a Mercedes é a primeira a anunciar que começará a equipar todos os seus veículos a diesel com o acessório a partir de meados do ano. A indústria francesa, em contrapartida, foi a primeira a equipar seus carros em série com este tipo de proteção ambiental.
Fuligem da combustão de óleo diesel
Na Alemanha, como em toda a União Européia, vigora desde 1º de janeiro deste ano uma nova diretriz ambiental, segundo a qual a concentração de 50 microgramas de partículas nocivas por metro cúbico de ar (50mg/m³) só pode ser ultrapassada em 35 dias por ano. Em Munique, por exemplo, este limite foi ultrapassado neste domingo (27/03), quando a terceira maior cidade alemã somou 36 dias de concentração acima do permitido em 2005.
Dudenhöffer argumenta que o consumidor reagirá rápido, deixando de comprar carros a diesel alemães e, portanto, sem o filtro. "Ou os clientes comprarão carros fabricados no exterior ou esperarão até que a indústria alemã mude seu comportamento. E aí não adianta oferecer o filtro como acessório ou apenas equipar as versões de luxo", adverte o professor.
Prazo até 2009
O porta-voz da BMW, Richard Gaul, criticou o que chamou de "debate político sobre incentivos fiscais e proibição de dirigir", pois isto levaria a reduções nas vendas. Segundo a revista Automobilwoche, as empresas alemãs do setor resolveram acelerar a instalação de filtros de partículas de pó. Além da Mercedes, também a BMW (a partir do verão europeu) e a Audi (alguns meses depois) pretendem oferecer filtros em seus veículos, ainda que como extra.
Em julho do ano passado, as montadoras alemãs haviam se comprometido a instalar o equipamento − que já está sendo produzido na Alemanha − em série até 2008/2009. Ainda segundo a revista especializada, a fim de evitar problemas no fornecimento, a BMW pretende inicialmente vender os filtros a 580 euros para os modelos das séries 1 e 3. A meta da fábrica em Munique, entretanto, é a produção em série o mais rápido possível, escreve o semanário Automobilwoche.
Proibir a circulação dos veículos sem filtro
A Audi promete filtros para seus modelos apenas para o outono europeu e mediante o pagamento de 690 euros. Na Opel, subsidiária da General Motors, o Vectra e o novo Zafira já deixam a fábrica com o filtro antifuligem, enquanto que para equipar o Astra o proprietário tem de desembolsar 750 euros. Também a Ford alemã e a Volkswagen pretendem oferecer o filtro como acessório.
A secretária de Agricultura do Estado da Renânia do Norte-Vestfália, Bärbel Höhn, sugeriu o aumento dos impostos de veículos sem o equipamento: "O filtro é extremamente necessário em vista das 65 mil pessoas que segundo um estudo morrem prematuramente ao ano na Alemanha por causa das partículas de pó".
A exemplo de iniciativas em outras cidades européias, a política do Partido Verde sugere também a proibição de circulação de veículos ou o bloqueio de determinados trechos nas metrópoles. "Em casos extremos, podemos proibir a circulação de veículos a diesel sem filtro", ameaça Höhn.