Ministério da Saúde quer melhorar acesso à detecção do câncer de mama
8 de junho de 2013O câncer de mama é considerado um problema de saúde pública no Brasil. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), órgão do Ministério da Saúde responsável pela coordenação das ações nacionais para a prevenção e controle do câncer, mostram que, só em 2010, quando foram levantados os últimos números, 12.705 mulheres morreram no país em função da doença.
As tentativas de redução da mortalidade do câncer mais incidente entre a população feminina brasileira incluem prevenção e conscientização. Políticas públicas buscam facilitar a chegada das ações a comunidade distantes. "O grande desafio é melhorar o acesso ao diagnóstico precoce", reconhece o diretor-geral do Inca, Luiz Antônio Santini.
Estatísticas mundiais da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (GloboCan 2008) mostram que o Brasil registrou 12.573 mortes. Na Alemanha, no mesmo ano, foram 16.967 mortes. Na Índia, o número foi ainda maior: 53.592.
Desigualdade regional
O Brasil apresenta 53 mil novos casos de câncer de mama por ano. O presidente do Inca destaca que a distribuição regional do câncer no país é bastante desigual. As estatísticas mostram a dimensão do problema. Em 2001, o número total de mortes no país era de 8.657 mulheres. Em 2010, saltou para 12.705. De acordo com os dados, em 2010 a região Sudeste liderou o número de mortes, com 6.641 casos. Em segundo lugar aparece o Nordeste, com 2.633 casos, seguido da região Sul, com 2.300 casos.
"Detectamos um grupo de pessoas que repete mamografias mais que o necessário, enquanto outro grupo nunca a faz", considera Santini. "O número de mamógrafos é suficiente, no entanto, um estudo do próprio Ministério da Saúde mostra que eles estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste."
Para a mastologista do Instituto Masto, Marina Ávila, ao longo dos anos, o país tem conseguido conscientizar as pacientes para que façam exames. Mas ela lembra que, em algumas áreas do país, ainda há pacientes sem acesso a serviços e exames. "Nas capitais, a gente consegue um bom rastreamento, mas nas cidades do interior ainda falta informação. Essa é nossa principal batalha", diz a médica.
Para ela, a detecção precoce é a principal ferramenta na diminuição da mortalidade. "O Brasil tem tido avanços com políticas de conscientização e aquisição de aparelhos modernos", comenta Ávila.
Foco na prevenção
O Inca lembra que quando o câncer é identificado em estágios iniciais, com lesões menores de dois centímetros de diâmetro, o prognóstico é sempre favorável, e o percentual de cura, maior. Uma das ações do instituto para controlar o câncer de mama é o Outubro Rosa, movimento internacional em favor das ações de detecção precoce da doença.
O instituto busca seguir recomendações internacionais usadas na maior parte dos países da Europa. Segundo evidências científicas, a mamografia deve ser feita a cada dois anos dos 50 aos 74 anos de idade. Abaixo dos 40 anos, a mamografia não é o procedimento mais indicado para examinar a mama, porque esta ainda é muito densa, e pode haver confusão de imagens entre a densidade da mama e a possibilidade de um tumor.
Segundo o presidente do Inca, fatores de risco se associaram à vida moderna e contribuíram para a disseminação de casos. Como exemplo ele cita a reposição hormonal, muitas vezes feita sem controle médico, mudanças de estilo de vida, obesidade e tabagismo.
"O conhecimento dessa realidade faz com que o Brasil tome medidas importantes para melhorar os resultados, tanto na qualidade dos exames, como no aumento da assistência", observa Santini. Nos próximos três anos, 80 novos centros de tratamento de radioterapia para diagnóstico do câncer devem ser implantados no país, o que "vai requerer um grande esforço de treinamento e capacitação de pessoal", diz ele.
Outra iniciativa citada por ele é uma lei que entrou em vigor em maio e prevê que pacientes com câncer iniciem o tratamento pelo Sistema Único de Saúde até 60 dias após o registro da doença no prontuário médico.