Ministros do G-8 discutem política de emprego
15 de dezembro de 2003Um terço da população mundial economicamente ativa está desempregada, subempregada ou trabalha sem qualquer segurança social. Desde 2000, o desemprego cresceu de 6,3% para 7,2% nos 20 países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Embora no momento a conjuntura esteja em alta nos Estados Unidos, esta virada abrangente não se fez sentir no mercado de trabalho. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) define o processo como global out-of-work in progress, parodiando o termo work in progress (obra em progresso).
O mesmo se aplica aos países do G-8, formado pelas sete maiores potências econômicas – Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido – e a Rússia, cujos ministros do Trabalho estão reunidos de 14 a 16 de dezembro em Stuttgart. Pela primeira vez a Alemanha abriga esta conferência, a que estão presentes ainda a Comissão Européia, a OCDE e a OIT, além de representantes sindicais e dos empregadores.
Esta é uma das três conferências ministeriais do G8 voltadas para criar condições de crescimento e ocupação em âmbito internacional. Para isso, elas visam aumentar a eficiência do mercado de trabalho e fortalecer a cooperação internacional no tocante à política de empregos.
Show e ceticismo
Porém neste último setor, em especial, boa parte dos economistas vê pouco campo para que se firmem acordos internacionais viáveis. Como declarou Tilmann Brück, do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW), à DW-WORLD: "A responsabilidade pela política de empregos só pode ser assunto nacional".
Outros mostram-se céticos com a conferência como um todo: dela só se pode esperar, no máximo, um intercâmbio de idéias e uma vaga declaração de intenções. Segundo Eckhardt Wohlers, diretor do Departamento de Macroeconomia do Arquivo da Economia Mundial, sediado em Hamburgo: "O que podem definir os ministros? Com uma certa malícia, se poderia dizer que uma conferência dessas só serve mesmo para o show". Não haveria como esperar efeitos positivos, ou mesmo uma reviravolta.
Expectativas modestas
Ainda segundo os experts, uma tal reviravolta nos mercados de trabalho do mundo só será possível através de uma única fórmula: desregulamentação. "Não porque seja moderno, mas por ser simplesmente necessário", acentua Brück. As barreiras econômicas devem continuar a ser desbastadas, as opções de trabalho flexibilizadas, ainda que em detrimento dos sistemas sociais.
Todos exigem mais coragem para agir, apontando para o exemplo dos EUA. Contudo, ao mesmo tempo, colocam em dúvida se o atual boom econômico norte-americano é sustentável a longo prazo.
As modestas expectativas em torno da conferência de Stuttgart parecem haver paralisado também os adversários da desregulamentação: vários grupos de esquerda anunciaram ações de protesto, porém não se esperam maiores problemas de segurança na capital suábia.