Ministros concordam com segundo pacote de ajuda à Grécia
9 de março de 2012Após uma teleconferência com os ministros das Finanças da zona do euro, o presidente do Eurogrupo, Jean Claude-Juncker, anunciou nesta sexta-feira (09/03) que a Grécia poderá receber a segunda parcela do pacote de resgate ao país. A decisão oficial sobre a liberação do segundo pacote deverá ser anunciada na próxima segunda-feira. Nesse mesmo dia, os acordos para troca dos títulos públicos da Grécia serão assinados.
Os ministros europeus concordaram com a liberação, assim que o governo grego garantiu uma participação de 85,3% dos credores privados na troca de títulos – o que possibilitará uma renegociação de 172 bilhões de euros de dívida.
"O Eurogrupo considera que foram estabelecidas as condições necessárias para que sejam implantados os procedimentos nacionais relevantes requisitados para a aprovação final da contribuição da zona do euro, que deverá financiar o segundo programa de resgate", afirmou Juncker em comunicado.
O presidente do Eurogrupo pediu ainda às autoridades da Grécia que continuem demonstrando um "forte compromisso" com este segundo plano de resgate, e que mantenham uma dinâmica rigorosa de implementação dos ajustes.
A Alemanha considerou o acordo anunciado na Grécia como um "resultado encorajador" e que ajudará a Grécia ter "um rumo de estabilidade". "Agora o governo grego terá de pôr em prática o ambicioso programa de reformas estruturais", declarou o porta-voz Steffen Seibert em Berlim.
A segunda parcela do pacote de resgate chega a 130 bilhões de euros. Segundo o ministro alemão de Finanças, Wolfgang Schäuble, 35,5 bilhões de euros do fundo relativos à participação da zona do euro na troca dos títulos já teriam sido liberados. Os outros 94,5 bilhões devem ser liberados na semana que vem.
Renegociação bilionária
Segundo o acordo, investidores privados concordaram em participar voluntariamente do programa de reestruturação da dívida, trocando seus títulos por outros novos, com um valor nominal 53,5% menor e juros reduzidos. O governo grego anunciou, ainda, que pretende ativar as Cláusulas de Ação Coletiva (CACs), obrigando mais credores a participar do corte e fazendo com que a adesão à substituição de títulos chegue a 95,7% – ou seja, 197 bilhões de euros.
Caso o perdão de 53,5% da dívida acertado com os bancos seja mantido, a Grécia terá ainda 105 bilhões de euros em dívidas perdoadas.
Em coletiva de imprensa concedida nesta sexta-feira, o ministro grego de Finanças, Evangelos Venizelos, falou, animado e confiante, de um dia histórico, em que o risco de falência do país estaria descartado. Segundo ele, agora o país tem uma chance real de, até 2020, ter sua dívida pública reduzida a no máximo 120% do PIB ou ainda menos.
"Trata-se de um sinal de confiança dos investidores na economia grega, e também no regulamento político-econômico da zona do euro", afirmou o ministro.
Muito a fazer
Com as negociações, a Grécia será aliviada em pelo menos 107 bilhões de euros. Mas isso não significa que a crise da dívida do país estará resolvida, segundo o professor de Economia da Universidade de Atenas Manos Matsagganis, em entrevista ao canal de televisão Skai.
"É certo que a negociação para troca de títulos da dívida é um sucesso, considerando que as alternativas eram: a insolvência desordenada, o caos social e as cenas de terror nas ruas", diz Matsagganis. Contudo, a Grécia ainda não resolveu seu problema. O especialista ressalta que há muito o que fazer, e seria fatal os gregos ficarem com a impressão de que sua dívida acabou e podem relaxar.
Apesar do grande corte, a Grécia continua com dívidas altas. Mesmo com o país preenchendo as condições para receber a segunda parcela do pacote de ajuda, o perigo de insolvência ainda não está totalmente descartado, segundo explicou o corretor de bolsa de valores Manolis Varsos, ao canal de notícias econômicas SBC.
"Esse assim chamado segundo pacote de resgate também não traz necessariamente a salvação. Não há garantias, só mais tempo para salvar a Grécia", disse Varsos. Somente se os gregos usarem bem esse tempo, o perigo estará afastado. Em todo caso, acredita o especialista, o mercado deu um precioso sinal de confiança e deixou claro que a Grécia merece mais tempo, acredita o especialista em economia.
Autoria: Jannis Papadimitriou / Mariana Santos
Revisão: Augusto Valente