Milosevic, de jurista a repressor
11 de março de 2006Filho de um teólogo ortodoxo de origem montenegrina, nasceu em Pozarevac, no leste da Sérvia, a 20 de agosto de 1941. Jurista de profissão, subiu os degraus da nomenclatura até se tornar presidente do Partido Comunista da Sérvia, em 1986.
Aproveitando o enfraquecimento do poder federal, Milosevic lançou-se numa autêntica cruzada a favor da união de todos os sérvios. Em 1989, ao apresentar-se como defensor da minoria sérvia do Kosovo, empenhou-se em suprimir a autonomia concedida pelo presidente Tito a esta província de forte maioria albanesa.
Interlocutor sérvio em Daytona
Combinando manifestações populares e manobras do governo, Milosevic foi eleito presidente da Sérvia em 1990. Embora considerado por muitos no Ocidente como principal responsável pelas guerras subseqüentes ao desmantelamento da Iugoslávia em 1991-92, foi em 1995 o único interlocutor sérvio nas negociações do acordo de paz de Daytona, nos Estados Unidos.
No interior da Sérvia, no entanto, sua hostilidade à democratização do sistema fez com que perdesse o apoio de muitos intelectuais, que o acusaram de totalitarismo. Apesar da oposição crescente, Milosevic trocou o seu posto de presidente da Sérvia pelo de presidente da República Federal da Iugoslávia (Sérvia e Montenegro) em julho de 1997.
Apoiado pelo exército e pela polícia, formou no princípio de 1998 uma coligação com os ultranacionalistas e endureceu o regime. A sua política de repressão sangrenta no Kosovo provocou a intervenção militar da Otan no país em 24 de março de 1999. Afastado do poder em 5 de outubro de 2000 após um levante popular, foi preso em 1º de abril do ano seguinte. Seu julgamento em Haia começou em fevereiro de 2002. Milosevic tinha problemas cardíacos e hipertensão. (EFE)