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Milosevic adverte e acusa no Tribunal da ONU

Estelina Farias30 de outubro de 2001

Ex-ditador adverte que albaneses podem usar seu julgamento para fazer terrorismo nos Bálcãs, se diz vítima de uma farsa e acusa OTAN de agressão.

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O ex-presidente da Iugoslávia, Slobodan Milosevic, teve um novo acesso de fúria no Tribunal Penal Internacional, em Haia, na audiência em que o início do seu julgamento foi anunciado para 12 de fevereiro de 2002, com duração prevista de três anos. O ditador destituído há mais de um ano disse que seu julgamento é uma farsa e que isso pode favorecer o terrorismo nos Bálcãs. Neste contexto, Milosevic afirmou que o terrorista Osama Bin Laden, apontado pelos Estados como responsável pelos atentados de 11 de setembro, esteve na Albânia no ano passado. O Tribunal da ONU ampliou ontem as acusações contra Milosevic, que será julgado por crimes de guerra e contra a humanidade.

Milosevic contou no Tribunal que fora procurado pelo governo de Bill Clinton, antecessor do presidente George W. Bush, por causa do milionário saudita. "Os americanos sabiam que Bin Laden esteve na Albânia dois anos depois de terem explodido duas embaixadas deles (na África) e discutiram estes fatos comigo e meus aliados", disse o ex-presidente iugoslavo. E advertiu que terroristas albaneses podem aproveitar agora o processo contra ele para praticar saques, assassinatos e atentados no sul da Sérvia. 33 mil sérvios teriam sido expulsos sob as vistas grossas da ONU, disse ele. O vice-primeiro-ministro sérvio, Nabojsa Covic, comentou apenas que "Milosevic foi mal informado".

Agressão - Na sua quarta aparição no Tribunal da ONU criado especialmente para julgar os crimes de guerra cometidos na antiga Iugoslávia, o ex-homem forte dos Bálcãs acusou a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de "agressão criminosa" em Kosovo. Nos bombardeios entre março e junho de 1999, a aliança militar teria matado um número gigantesco de civis. Os juízes seriam parciais, segundo o ex-ditador, porque deveriam julgar a OTAN e não ele.

Conspiração - Na primeira oportunidade que teve para se manifestar sobre a acusação por causa dos crimes de suas tropas nas guerras da Croácia e de Kosovo, Milosevic reclamou que estaria sendo vítima de uma conspiração internacional, repetiu que o Tribunal da ONU seria ilegal e seu julgamento uma farsa. A chefe da Promotoria, Carla del Ponte, foi igualmente acusada de imparcialidade. A peça da acusação, que foi lida ontem, teria "o nível intelectual de uma criança de sete anos". Milosevic exigiu que o presidente da corte internacional, Richard May, encurtasse o processo e ditasse logo a sentença do que chamou de seu pré julgamento. "Tudo isso é uma farsa", afirmou.