Milhares voltam às ruas na Alemanha contra medidas anticovid
18 de dezembro de 2021Milhares de pessoas que se opõe à vacinação contra a covid-19 e às políticas do governo alemão para conter a pandemia voltaram às ruas neste sábado (18/12) para protestar em várias cidades alemãs.
O maior protesto ocorreu em Hamburgo, onde cerca de 8 mil pessoas estavam inscritas para participar do evento, sob o lema "Tirem as mãos de nossas crianças".
A vacinação na faixa etária de 5 a 11 anos começou esta semana na Alemanha, mas alguns pais ainda estão céticos. Os antivacinas também protestam contra uma possível introdução de imunização obrigatória no próximo ano e a exigência do passaporte vacinal para acessar vários lugares, como lojas, cinemas e restaurantes.
A polícia bloqueou várias ruas importantes do centro de Hamburgo. De acordo com um regulamento que entrou em vigor na sexta-feira, todos os manifestantes tiveram que usar máscaras, ao contrário das semanas anteriores.
Em Schwerin, capital do estado de Meclemburgo-Pomerânia Ocidental, cerca de 1.900 pessoas se deslocaram pelo centro da cidade, segundo a polícia. Os organizadores afirmam que foram 2.300 participantes.
Os manifestantes carregavam cartazes com dizeres como "Pare com a loucura da vacinação" e "Ao Chanceler Scholz: Somos a linha vermelha". Segundo a porta-voz da polícia, havia muitas famílias com crianças. A cidade de Schwerin impôs aos organizadores a obrigação de garantir que o distanciamento fosse respeitado e os manifestantes foram "fortemente recomendados" a usar máscaras, segundo a polícia.
Em Düsseldorf, capital do estado da Renânia do Norte-Vestfália, cerca de 4.000 protestaram, segundo a polícia.
Protesto proibido em Berlim
Em Berlim, apesar de proibido pela polícia pelo risco de os manifestante não respeitarem o distanciamento e uso de máscaras, um protesto em frente ao Portão de Brandemburgo que tinha cerca de 2.000 inscritos acabou reunindo algumas dezenas de pessoas, em meio a turistas que visitavam o local.
Em Dresden, cerca de 185 veículos participaram de uma carreata pelas ruas da cidade.
Também houve manifestações em algumas cidades da Baixa Saxônia e de Baden-Württemberg. Em Osnabrück, cerca de 1.900 protestaram sob o lema "os direitos básicos não são negociáveis".
Em Freiburg, cerca de 2.500 participantes eram esperados nos protestos e em Neumarkt, na Baviera, cerca de 1.500.
Na noite de sexta-feira, 360 policiais interrompera um protesto em Rathenow, no estado de Brandenburg, citando a falta de observação dos requisitos de uso de máscara.
Em Hanover, na Baixa Saxônia, o partido de ultradireita a Alternativa Pra Alemanha (AfD, na sigla em alemão) convocou uma manifestação no parlamento estadual sob o lema "Acabar com a loucura 2G - liberdade para o país e os cidadãos", reunindo cerca de 300 pessoas.
Passaportes falsos
A Alemanha tenta combater o crescimento dos casos de passaportes de vacina falsificados. Desde novembro, uma lei mais rígida está em vigor e o número de casos aumentou significativamente. Embora haja vacinas contra covid-19 amplamente disponíveis, muitos alemães se recusam a se imunizar.
Os escritórios de investigação criminal estaduais responsáveis relataram pelo menos 6.543 investigações sobre fraude em carteiras de vacinação, de acordo com o portal de notícias "Business Insider". Autoridades afirmam que o número real de falsificações é muito superior ao divulgado, já que nem todos os escritórios de investigação criminal estaduais foram capazes de fornecer dados exatos.
De acordo com o site Our World in Data, da Universidade de Oxford, 69,62% dos alemães estão vacinados com duas doses, número bem abaixo de países da Europa ocidental, como Portugal (88,9%) e Espanha (80,8%).
Radicalização dos antivacinas
No início deste mês, negacionistas da pandemia desfilaram portando tochas em frente à casa da secretária da Saúde da Saxônia, provocando indignação nos políticos.
Na quarta-feira, a polícia alemã realizou buscas e apreendeu armas durante uma operação contra suspeitos de envolvimento em um suposto plano para matar o governador do estado da Saxônia, Michael Kretschmer, e outros políticos.
As operações foram realizadas em Dresden e Heidenau após ameaças de morte serem lançadas por grupos de céticos da vacina e negacionistas da pandemia.
Em Berlim, vários políticos, jornalistas e instituições receberam cartas com ameaças por defenderem um projeto de vacinação obrigatória, revelou a polícia da capital alemã, também nesta quarta-feira.
le (ots)