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Merkel tem pressa para formar governo

26 de janeiro de 2018

Conservadores querem tudo pronto em até duas semanas, mas SPD fala em renegociar alguns pontos do que já foi acertado. Unificação dos planos de saúde pode acabar decidindo se haverá novo governo Merkel.

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Angela Merkel em Berlim, vestindo vermelho e preto
Merkel se apresentou nas cores da social-democracia para o início das negociaçõesFoto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld

Pressa: essa é a palavra que sintetiza o início, nesta sexta-feira (26/01), em Berlim, das negociações entre conservadores e social-democratas para a reedição da chamada grande coalizão, quatro meses depois das eleições legislativas.

A Alemanha nunca ficou tanto tempo sem governo depois de uma eleição parlamentar. A chanceler federal Angela Merkel, líder da União Democrata Cristã (CDU), afirma que os cidadãos esperam agora que as negociações sejam bem-sucedidas – além de rápidas.

O presidente da União Social Cristã (CSU), Horst Seehofer, disse esperar que as negociações, que já foram precedidas de cinco dias de sondagens, estejam concluídas em duas semanas, até 11 de fevereiro. A CDU quer tudo pronto ainda antes: 4 de fevereiro.

O presidente do Partido Social-Democrata (SPD), Martin Schulz, também falou em negociações rápidas, mas acrescentou que elas devem ser construtivas. O SPD, afinal, quer incluir alterações no pré-acordo firmado com a CDU e CSU depois das sondagens.

Rigor vem antes da pressa

Os social-democratas querem mudanças nos planos de saúde, na migração de familiares de refugiados e na duração dos contratos de trabalho. A direção do partido foi pressionada para isso durante o congresso extraordinário de domingo passado, em Bonn, que decidiu a favor das negociações com a CDU e CSU – mas exigiu "correções".

O encontro mostrou que o SPD está dividido sobre a participação num novo governo Merkel. Para convencer a base, a cúpula partidária teve que prometer que vai se esforçar para obter uma série de alterações no pré-acordo firmado com os conservadores.

Por isso, o SPD precisa agora negociar – e não se mostrou, nesta sexta-feira, tão seguro em relação a prazos como a CDU e CSU, que desejam simplesmente manter o que já foi acertado. A vice-presidente socialista Malu Dreyer preferiu não falar em datas. "Vamos nos esforçar, mas o rigor é mais importante do que a pressa", disse.

Um dos pontos centrais são os planos de saúde. O SPD quer ao menos dar início a um processo que acabe com a divisão entre planos públicos e privados na Alemanha, em favor de um sistema público e unificado. Os conservadores são contra – mas já mostraram concordar com melhorias para quem tem planos públicos.

Nova votação no SPD

A questão dos planos de saúde pode acabar decidindo se haverá ou não um quarto governo de Merkel, alertaram membros do SPD nesta sexta-feira. "Se não avançarmos nada no fim da 'saúde de duas classes', não teremos nenhum chance junto aos nossos filiados", afirmou o deputado Karl Lauterbach à revista Der Spiegel.

Ao fim das negociações com os conservadores, o SPD irá submeter o acordo final à aprovação de todos os seus filiados. Só com o aval destes o partido entrará no governo. O processo de votação deverá durar outras três semanas, esticando ainda mais o início de um eventual novo governo.

Esta é a segunda tentativa de Merkel de formar uma coalizão, depois do fracasso das negociações com os liberais e os verdes, no fim de novembro. É também a última. Um novo fracasso deixará a chanceler em exercício com apenas duas opções: um governo de minoria ou aceitar novas eleições.

Por isso, a pressão sobre ela é grande, e analistas veem aí uma chance para o SPD conseguir novas concessões dos conservadores. Nesta sexta-feira, na sede da CDU em Berlim, os social-democratas receberam um sinal de que poderão ser bem-sucedidos nas suas exigências: Merkel se apresentou, para o início das negociações, nas cores vermelho e preto do SPD.