Merkel pede coesão à UE em discurso ao Bundestag
24 de junho de 2021A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, aproveitou aquele que provavelmente será seu último discurso ao Bundestag (Parlamento) para fazer um apelo à União Europeia (UE), para que o bloco das 27 nações aprenda as lições deixadas pela crise do coronavírus e promova ações mais decisivas contra a pandemia.
As declarações ao Bundestag fazem parte da despedida pública da chanceler. Em 2018, ela anunciou que não iria concorrer à reeleição, e deixaria o cargo após 16 anos à frente do governo. Ela completará 67 anos em julho.
"Enquanto a pandemia não for superada, um debate sobre as lições aprendidas com a crise poderá ser apenas um primeiro passo para um processo mais longo e profundo” afirmou a chefe de governo nesta quarta-feira (24/06), antes de partir para uma cúpula dos líderes da UE em Bruxelas, que também poderá ser a sua última.
"Esse processo é importante porque a habilidade e disposição para agir vão determinar como a UE vai lidar desafios dessa magnitude no futuro”, completou.
Ela observou que o número de casos de covid-19 continua em queda em todo o continente, em meio a um aumento da vacinação, mas pediu cautela. "Apesar de termos razões para termos esperanças, a pandemia não acabou, em particular, nos países mais pobres”, afirmou.
"Na Alemanha e na Europa, ainda caminhamos sobre uma fina camada de gelo”, alertou. "Precisamos nos manter vigilantes. Em particular, sobre o surgimento das novas variantes, especialmente a variante delta, que é um alerta para continuarmos a sermos cuidadosos.”
A chanceler disse aos parlamentares que apoia o fortalecimento da produção de vacinas contra a covid-19 para os países mais pobres através do aumento da concessão de licenças para a produção dos imunizantes, mas rejeitou a quebra das patentes, que, a seu ver, "é o caminho errado”.
Rússia e EUA
Merkel afirmou que a UE deve adotar uma posição unificada sobre como lidar com a Rússia. "Temos de criar mecanismos para poder responder às provocações de modo conjunto e unidos”. Em sua opinião, este é o único meio de se impor à variedade de ataques de Moscou.
Ela disse que, como um todo, o bloco deve ampliar a escala da coordenação entre os países e lembrou que as reações nacionais prevaleceram sobre as ações em conjunto no início da pandemia.
"É por isso que vejo, em particular, a respostas às crises, a proteção a saúde, o espaço Schengen [a área de livre circulação entre países da Europa] e o mercado comum como as áreas sobre quais é necessário discutir o reforço da capacidade europeia de reação.”
No próximo mês ela será recebida pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em Washington, onde é vista com uma apoiadora essencial da aliança transatlântica.
Ainda assim, sua oposição à quebra das patentes das vacinas gera algumas tensões com os EUA, que propuseram a suspensão das licenças, além do aumento da produção dos imunizantes para abastecer os países menos desenvolvidos. Além da Alemanha, a União Europeia e o Reino Unido se opõem à quebra das patentes.
Laschet reforça defesa da Europa
Após uma intensa disputa interna em seu partido para apontar o sucessor de Merkel, os membros da União Democrata Cristã (CDU) escolheram o governador da Renânia do Norte-Vestfália, Armin Laschet como candidato nas eleições de setembro.
A legenda conservadora retomou o favoritismo nas pesquisas de opinião e poderá se manter como a principal força política do país, juntamente com sua tradicional aliada na Baviera, a União Social Cristã (CSU).
Laschet que também discursou no Bundestag nesta quarta-feira, reforçou o pedido por maior coesão entre os membros da UE, assim como a necessidade de se manter a abertura das fronteiras entre as 27 nações do bloco.
O governador de 60 anos, que foi membro do Bundestag entre 1994 e 1998, aproveitou a ocasião para criticar os populistas de direita do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), afirmado que eles "prejudicam os interesses da Alemanha”. Ele criticou, em particular, a plataforma política dos populistas que inclui o fim da adesão da Alemanha da UE.
Em seu primeiro pronunciamento ao Parlamento em 23 anos, ele fez uma forte defesa da Europa. "Nem um vírus mortal, nem a soberba antieuropeia e o ceticismo, e certamente nem os populistas e nacionalistas, deixarão que esta Europa seja arruinada”, afirmou.
rc (AP, DPA, AFP)