Merkel exige liberdade de correspondente preso na Turquia
1 de março de 2017A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, pediu à Turquia nesta quarta-feira (01/03) a libertação do jornalista teuto-turco Deniz Yücel detido no país e afirmou que o governo alemão fará tudo que estiver ao seu alcance para isso.
Merkel afirmou ainda que acredita que Yücel estava apenas fazendo o seu trabalho e destacou a importância da liberdade de imprensa. "A existência de uma imprensa livre e independente é parte da nossa democracia e isso não deve jamais ser questionado, mesmo quando é incômodo", disse.
Yücel, que é correspondente do jornal alemão Die Welt, foi detido em Istambul no dia 14 de fevereiro. Na segunda-feira, um juiz decidiu decretar a prisão preventiva do jornalista, acusado de fazer propaganda terrorista.
A prisão preventiva pode durar até cinco anos, ao fim dos quais o acusado pode ser julgado ou libertado. O jornalista, que possui dupla nacionalidade – alemã e turca –, é acusado de incitação ao ódio e de fazer propaganda para uma organização terrorista, em referência à guerrilha curda PKK.
"Jornalismo independente precisa poder existir e jornalistas devem podem fazer o seu trabalho", acrescentou ainda a chanceler, durante o encontro da União Democrata Cristã (CDU) no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental.
Antes das declarações de Merkel, o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, já havia dito que a chanceler e a Alemanha esperavam a libertação de Yücel o mais rápido possível. Seibert acusou ainda a Turquia de perseguir jornalistas e admitiu que outros alemães estão detidos na Turquia.
Segundo o porta-voz do Ministério alemão do Exterior, Martin Schäfer, seis alemães estão presos na Turquia, sendo que quatro deles possuem também a cidadania turca. Todos seriam acusados por crimes relacionados à tentativa de golpe fracassada que ocorreu no país no dia 15 julho do ano passado.
Fim da liberdade de imprensa
Yücel é o primeiro jornalista alemão e ser preso desde que o partido conservador islâmico AKP chegou ao poder, em 2002. No ano passado, o correspondente Hasnain Kazim, do site Spiegel Online, teve que deixar a Turquia porque o governo lhe negou o registro como jornalista e, com isso, o visto de trabalho e residência.
Bem pior é a situação dos jornalistas turcos. Cerca de 150 estão presos, seja de forma preventiva, seja cumprindo sentença. Depois do golpe de Estado fracassado, 149 jornais, rádios e televisões já foram fechados e 775 jornalistas tiveram seus registros cancelados, segundo a organização Repórteres sem Fronteiras (RSF).
CN/afp/dpa