Merkel busca aproximação com Ivanka
25 de abril de 2017Apesar de Ivanka Trump passar apenas algumas poucas horas em Berlim nesta terça-feira (25/04), não faltou atenção para a visita da chamada "primeira-filha" dos Estados Unidos à capital alemã.
E não somente pelo glamour da empresária de 35 anos – é principalmente a proximidade com o pai, Donald Trump, que a torna tão interessante: sabe-se que ele sempre está aberto para ouvir a opinião de sua filha favorita declarada. Tanto ela quanto seu altamente influente marido, Jared Kushner, têm cargos de assessores na Casa Branca. "Primeira-filha e assistente do presidente dos Estados Unidos" está escrito no anúncio de viagem emitido pela Casa Branca antes da visita à Alemanha.
Durante sua visita a Washington, há seis semanas, a chanceler federal Angela Merkel pôde perceber in loco as atribuições e a influência da "primeira-filha". Durante um fórum de discussão do presidente americano com empresários, na Casa Branca, a disposição dos assentos foi organizada para que Ivanka se sentasse ao lado da líder alemã.
Aparentemente as duas mulheres se entenderam bem. Segundo o vice-porta-voz do governo alemão, Georg Streiter, houve "um ambiente agradável de conversa".
Em defesa do pai
Tão agradável que Merkel teve a ideia de convidar Ivanka para a cúpula Women20, um encontro de mulheres dos países do G20 em Berlim. Apesar de a Casa Branca afirmar o contrário, a chefe de governo alemã não fez o convite pessoalmente. Segundo Streiter, deu-se um "toque" aos organizadores da conferência, a Federação de Empresárias Alemãs e o Conselho de Mulheres Alemãs.
A Alemanha ocupa este ano a presidência do G20. No início de julho, os chefes de Estado e governo do G20 vão se encontrar em Hamburgo. Há semanas que o encontro vem sendo preparado em nível ministerial. Além disso acontecem conferências sobre variados temas. Na próxima semana, por exemplo, haverá a cúpula econômica Business20, nesta semana acontece a Women20.
Em Berlim, Ivanka participou de um painel de uma hora e meia sobre o incentivo a mulheres empresárias. Também participaram Merkel, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, a rainha Máxima da Holanda, a ministra do Exterior do Canadá, Chrystia Freeland, e a empresária alemã Nicola Leibinger-Kammüller.
Ivanka se viu obrigada a defender o pai das acusações de misoginia. Segundo ela, o presidente tem a plena convicção de que as mulheres têm o potencial e o conhecimento para executar um trabalho tão bem quanto os homens. "As milhares de mulheres que ao longo de décadas trabalharam para o meu pai no setor privado são prova disso", afirmou.
Chegar ao pai através da filha
O vice-porta-voz do governo alemão declarou que Merkel dá "grande importância" ao debate com a filha do presidente. Segundo ele, é improvável que as duas se encontrem depois – mas não impossível. "Não está planejado, mas nunca se sabe", disse Streiter.
Porém, é mais do que certo que Merkel quer passar impressões positivas da Alemanha, para que Ivanka as leve consigo para Washington. Talvez elas cheguem aos ouvidos presidenciais. Como se sabe, Trump não gosta de ouvir falar do governo em Berlim e muito menos da força econômica da Alemanha.
Assim, nunca é demais explicar para Ivanka os fundamentos do sucesso econômico alemão. Por isso, o presidente da Siemens, Joe Kaeser, a convidou para visitar um centro de formação profissional da empresa em Berlim. Kaeser também participou da comitiva de empresários que, há seis semanas, acompanhou Merkel na visita a Washington.
Ivanka demonstrou interesse pelo convite. Em entrevista à revista de economia Wirtschaftswoche, antes da viagem a Berlim, ela disse que a Alemanha é uma pioneira na formação profissional.
Segundo a "primeira-filha", o sistema dual alemão seria "um exemplo prático e de sucesso de uma verdadeira parceria público-privada", que conecta a formação profissional com a prática nas empresas. Em seus planos de criar mais vagas para trainees, os Estados Unidos poderiam "aprender algo com a Alemanha", disse ela.