Contra o protecionismo
30 de janeiro de 2009A chanceler federal alemã, Angela Merkel, se pronunciou nesta sexta-feira (30/01) pela introdução, em nível mundial, da economia social de mercado. Após a superação da atual crise, a adoção desta concepção socioeconômica – desenvolvida na Alemanha – poderia resultar em regras de validade internacional. Seu cumprimento seria fiscalizado, então, por um "conselho mundial de economia", nos moldes do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A chefe de governo participa do Fórum Econômico Mundial (FEM), que até o próximo domingo reúne, sob o signo da crise econômica global, cerca de 2.500 líderes econômicos e políticos na cidade suíça de Davos. Merkel classificou a economia social de mercado, que trouxe prosperidade à Alemanha após a Segunda Guerra Mundial, como o terceiro caminho, entre o capitalismo e a economia estatizada.
"O Estado é o defensor da ordem social, porém competição exige senso de proporção e responsabilidade social", observou. "A liberdade do indivíduo deve ser limitada quando tolhe a liberdade dos outros." Ela renovou seu apelo por uma "Carta da economia sustentável". Paralelamente à regulação dos mercados financeiros e ao comércio mundial livre, não se pode perder de vista a proteção do clima e o combate à pobreza.
"Protecionismo distorce as forças do mercado"
Segundo Merkel, o mundo necessita agora de um sistema financeiro estável e internacional, com responsabilidade global. "Não possuímos nenhuma arquitetura global que funcione satisfatoriamente, e precisamos trabalhar nisso", constatou a premiê, referindo-se ao perigoso transbordamento dos mercados financeiros. "Todos os princípios devem ser estabelecidos de forma compromissiva." Talvez isto já possa acontecer durante o próximo encontro do G20, marcado para abril, em Londres, acrescentou.
A visão da chefe de governo foi, contudo, acompanhada de uma advertência contra o protecionismo, que "distorce as forças do mercado", pois "cada um luta pela própria sobrevivência". Assim, ela vê com desconfiança os subsídios norte-americanos à indústria automobilística. "Tais fases não podem durar muito tempo, não existe alternativa à economia mundial de mercado aberta."
Suas declarações coincidiram, em parte, com as da ministra francesa da Economia, Christine Lagarde, para quem um pouco de protecionismo seria um "mal necessário" em tempos de crise. Merkel defendeu ainda que o endividamento público seja discutido também na Alemanha. "Não podemos viver sempre acima de nossas posses", as dívidas devem ser reduzidas, concluiu.