"Menos trabalho braçal, mais trabalho mental"
3 de agosto de 2018O ano de 2013 é considerado a data de nascimento da iniciativa Indústria 4.0. Durante um simpósio, cientistas de economia de produção e informáticos trocavam ideias sobre o futuro do polo de produção na Alemanha.
É suficiente construir sofisticadas máquinas de produção e ferramentas para sobreviver no mercado mundial? Essa foi uma das questões centrais discutidas no evento. Disso, concluiu-se que as tecnologias da informação fornecerão um impulso significativo à indústria.
Foi uma espécie de alerta, lembra Gunther Reinhart. "Nesse campo, podemos realizar o aprendizado de máquina, interconectar máquinas em rede e chegar à 'internet das coisas'", diz o professor de Administração de Empresas e Tecnologia de Montagem da Universidade Técnica de Munique.
A "internet das coisas" é um conceito genérico para uma infraestrutura na qual objetos físicos e virtuais estão interligados. "No final, alguém exclamou entusiasticamente: essa pode ser a Quarta Revolução Industrial", diz Reinhart.
Até agora, há diversos desenvolvimentos parciais que deverão levar a uma fábrica inteligente no futuro – uma produção totalmente em rede. "No momento, a fábrica inteligente e conectada ainda não existe", diz Reinhart.
Em seu Handbuch Industrie 4.0. Geschäftsmodelle, Prozesse, Technik (Manual da Indústria 4.0 – Modelos de Negócios, processos, tecnologia, em tradução livre), ele apresenta etapas importantes desse desenvolvimento e descreve os possíveis mundos de trabalho de amanhã.
Os pesquisadores concordam, no entanto, que os humanos assumirão um novo papel na fábrica do futuro. "Ele vai se tornar mais um gestor da produção do que um organismo executivo, e é por isso que a descrição do trabalho também mudará: menos trabalho braçal, mais trabalho mental".
Na "fábrica inteligente" do futuro, robôs de aprendizagem e seres humanos vão colaborar mais intensamente que agora. A cerca protetora entre o robô e o humano desaparecerá, a coexistência de máquina e trabalhador se tornará uma cooperação.
Nas fábricas, já há menos papel, mas mais tablets. "Eu não conheço quase nenhuma uma fábrica onde as pessoas não andem com smartpads", diz Reinhart.
Com o seu smartpad, um computador tablet, um supervisor tem o controle do cronograma de turnos, como também dos dados de produção. E se houver um problema com alguma máquina, ele pode ler imediatamente as instruções de conserto.
Ainda é um sonho de futuro a ideia de robôs dirigindo um veículo ao longo da linha de produção e de que os trabalhadores humanos produzirão exatamente apenas o necessário. A indústria aeroespacial já está relativamente avançada no uso de novas tecnologias, como na fabricação de turbinas das aeronaves. "Qualquer manutenção numa turbina pode ser rastreada", aponta Reinhart.
"Ali é possível, naturalmente, examinar as partes externas e documentar com fotos e, em seguida, usar técnicas automáticas de análise de imagens para avaliar como a superfície muda depois de milhares de horas de voo – e tirar daí conclusões para melhorar o processo de produção."
Numa produção inteligente em rede, pessoas, máquinas e recursos se comunicam entre si para elaborar produtos econômicos e feitos sob medida. A interconexão mundial de planejamento de produto, produção, vendas, manutenção e reciclagem por meio de sistemas baseados na internet gera rapidamente grandes quantidades de dados.
Esses dados logo se tornarão um modelo de negócios em si. "Com base neles, posso oferecer determinados serviços", diz Reinhart. "E assim se cria uma nova forma de negócio que vai além da fábrica inteligente".
A quantidade cada vez maior de dados se torna o "ouro" da Quarta Revolução Industrial – eles precisam ser controlados e, acima de tudo, protegidos. Apesar de todos os desenvolvimentos na área de sensores, tecnologia sem fio e segurança de TI, ainda há muita necessidade de desenvolvimento.
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