Megaesquema de segurança prepara Londres para os Jogos Olímpicos
16 de julho de 2012As autoridades de Londres prepararam um milionário esquema de segurança para proteger a cidade durante os Jogos Olímpicos de 2012, que começam no próximo dia 27 de julho. O orçamento para a segurança chega a 1 bilhão de libras. Motivos para isso não faltam.
Os moradores ainda têm na lembrança o pesadelo vivido há sete anos, no dia seguinte ao anúncio de que as Olimpíadas seriam realizadas na capital londrina. Em 7 de julho de 2005, quatro terroristas islâmicos explodiram bombas em três metrôs e um ônibus londrinos, deixando 52 mortos e mais de 700 feridos.
"Jogos Olímpicos são o alvo perfeito para ataques terroristas", afirma o especialista em terrorismo George Kassimeris, da Universidade Wolverhampton. "E agora, por conta da política externa do Reino Unido com relação ao Afeganistão e ao Iraque, a situação é um pouco mais complicada do que foi em Atenas, Sydney ou Pequim", diz.
Mais militares do que no Afeganistão
Os organizadores de Londres 2012 reiteram que tudo está sendo feito para garantir a segurança durante o evento. "Temos preparadas medidas de segurança para qualquer tipo de eventualidade", declarou o presidente do comitê organizador, Sebastian Coe.
Mas algumas panes já aconteceram. Na quinta-feira passada, há apenas duas semanas do início do evento, a empresa privada de segurança G4S comunicou que não conseguiu recrutar os 10,4 mil trabalhadores que havia prometido para o evento.
Como consequência, o governo teve que disponibilizar mais 3.500 soldados para a segurança dos Jogos Olímpicos, subindo para 17 mil o número de militares mobilizados para garantir o bom andamento do evento. Isso é mais do que o contingente britânico no Afeganistão.
"Análise de dados no computador representarão grande parte das ações, mas nossas forças também realizarão patrulhas, e vigiaremos atentamente as redondezas. Nossos centros de controle equipados com câmeras CCTV ficarão constantemente ativos", disse à Deutsche Welle David Commins, chefe de segurança das Olimpíadas da G4S.
Por conta da falha, prevê-se para a G4S um prejuízo de 41 milhões a 64 milhões de euros de indenizações pagas ao governo britânico.
Demonstração de poder
Como treinamento, o governo britânico realizou no início de maio um exercício militar que incluiu o uso de aviões de caça, helicópteros e navios de guerra e durou uma semana.
Também foi testada a possibilidade de posicionar um escudo antimísseis sobre a cobertura de edifícios da capital, com o objetivo de afastar o risco de ataques terroristas com aviões. Atiradores de elite foram especialmente treinados para abater possíveis aviões terroristas.
Tudo isso faz das Olimpíadas de 2012 a maior operação de segurança do Reino Unido em tempos de paz. "O governo britânico faz tudo que está ao seu alcance para estar preparado para toda e qualquer eventualidade – no ar, no solo, no subsolo ou na água", diz Kassimeris.
Cidade não sitiada
Apesar de todas as medidas de segurança adicionais, Londres acolherá seus visitantes de braços abertos, ressaltam os organizadores. "Queremos garantir que os jogos ocorram de maneira segura, mas, ao mesmo tempo, não queremos passar a imagem de uma cidade sitiada", diz Coe. "Convidamos as pessoas a vir para Londres celebrar o maior evento esportivo que o país já viu."
A empresa G4S reforça tais palavras. "Estamos trabalhando muito duro para manter um equilíbrio – garantimos a segurança e que as pessoas se sintam bem-vindas", afirma Commins. Para ingressar nas instalações olímpicas, os visitantes terão de passar por um esquema de segurança semelhante ao de aeroportos, e é estritamente regulamentado o que é permitido ou não entrar nos estádios.
Além disso, os londrinos foram alertados de que poderão ocorrer atrasos significativos nos metrôs e ônibus. Milhões de passageiros serão afetados pelas medidas de segurança adicionais. Muitas empresas permitiram que seus funcionários trabalhem de casa durante os Jogos Olímpicos. Outros provavelmente deixarão Londres nesse período, em busca de sossego fora da capital.
"Quando se opta por medidas de segurança nesta escala, automaticamente surgem dificuldades e inconvenientes. Provavelmente as liberdades civis serão restringidas em algum grau. Temo que isso seja necessário para a segurança dos jogos", considera Kassimeris.
LPF/dw/sid/dapd/dpa
Revisão: Alexandre Schossler