Atentado em Moscou
25 de janeiro de 2011O presidente da Federação Russa, Dimitri Medvedev, exige consequências pessoais do atentado no Aeroporto Internacional Domodedovo, em Moscou. Como declarou nesta terça-feira (25/01) aos diretores do serviço federal de segurança FSB, está óbvio que houve um "fracasso sistemático" da segurança no aeroporto. A direção do Domodedovo rebate as acusações.
O chefe de Estado instou o Ministério do Interior russo a apresentar uma lista dos funcionários da segurança de transportes a serem demitidos. A detonação ocorrida na tarde de segunda-feira teve, até o momento, um saldo de 35 mortos – entre os quais um alemão de 34 anos, natural de Colônia – e cerca de 180 feridos.
No momento, ainda são conflitantes os indícios quanto à identidade do autor do ato suicida. Enquanto uma agência de notícias russa fala em um homem entre 30 e 40 anos, outros veículos de imprensa mencionam uma mulher, ou até mesmo múltiplos terroristas.
Espiral de violência
Em 1999, o então premiê Vladimir Putin declarara guerra aos rebeldes da República da Tchetchênia, no Cáucaso do Norte. A campanha militar alcançou, realmente, seu fim imediato. Porém a revolta se alastrou pelas regiões vizinhas da Inguchétia e Daguestão.
O presidente Medvedev critica em especial o fato de o número de atentados na Rússia haver aumentado no último ano. De fato: após os devastadores incidentes em 2002 e 2004, com centenas de mortos, reinou uma calma aparente.
Contudo, desde o final de 2008, a espiral da violência entrou novamente em atividade, com um acréscimo do número de atos assassinos no Cáucaso ou partindo daquela região. Em março de 2010, duas terroristas suicidas causaram a morte de 40 pessoas no metrô de Moscou.
Guerra santa
O Supremo Tribunal da Rússia fixa em 19 o número atual das organizações classificadas como terroristas e, portanto, proibidas. Elas portam nomes traduzíveis como: Guerra Santa, Movimento do Talibã, Sociedade para o Renascimento do Legado Islâmico, Jihad Islâmico, Irmãos Muçulmanos, Emirado Caucasiano, Movimento Islâmico do Uzbequistão ou Partido da Libertação Islâmica.
Muitos desses grupos estão sediados no Cáucaso: os rebeldes se mantêm nas inacessíveis montanhas de repúblicas da Federação Russa como a Tchetchênia, Inguchétia, Cabardino-Balcária ou Daguestão.
Sua violência, em nome da liberdade e da verdadeira fé, se dirige, na maioria dos casos, contra soldados, policiais e agentes secretos russos. Estes, por sua vez, recebem a missão de caçar impiedosamente os terroristas.
O Cáucaso nas ruas russas
Porém nos últimos meses cresceu o número das vítimas civis dos atentados suicidas ou a bomba. Num vídeo de reivindicação das explosões no metrô moscovita, Doku Umarov, líder da organização Emirado Caucasiano, declarou considerar essas mortes um castigo divino merecido:
"Vocês, russos, só veem a guerras nas suas televisões, por isso vivem tranquilos. Não reagem ao mal que os seus bandidos estão fazendo aqui, a mando de Putin. Eu prometo: a guerra vai chegar às ruas de vocês. Vocês vão senti-la no próprio corpo!"
Umarov é o terrorista mais procurado da Rússia, cuja meta declarada é transformar o Cáucaso num Estado islâmico, custe o que custar.
Más perspectivas
Antes mesmo de ficar provada a responsabilidade de terroristas caucasianos pela explosão no aeroporto de Moscou, Medvedev anunciou que vai acirrar a luta antiterror. Sobretudo com vista aos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 em Sotchi, no Cáucaso, é necessário "proteção máxima" contra atentados, sublinhou.
Porém o presidente russo parece esquecer um detalhe: desde 1994 seu país não tem se mostrado capaz de resolver o problema da região por meios militares.
AV/dw/rtr
Revisão: Carlos Albuquerque