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Medidas públicas ajudaram mobilidade social no Brasil

Clarissa Neher5 de junho de 2013

País registrou expansão da classe média, diz Organização Internacional do Trabalho, que iniciou conferência nesta quarta. Relatório indica aumento da taxa de emprego e queda de desigualdade social.

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Foto: picture-alliance/Robert Hardin

A Conferência Anual da Organização Internacional do Trabalho (OIT) começa nesta quarta-feira (05/06) em Genebra e, até 20/06, deverá se concentrar em questões relacionadas à previdência, ao desenvolvimento sustentável e também a uma maior aproximação entre as diferentes camadas sociais, num momento em que a economia mundial se recupera da crise financeira internacional.

Mas, de acordo com a OIT, a retomada do emprego é desigual e representa um problema para a maior parte dos países do planeta. A conclusão consta do relatório 2013 da organização, publicado esta semana no âmbito da reunião anual.

Porém, o documento diz que a maioria dos países emergentes – como o Brasil – e em desenvolvimento registram uma alta do emprego e uma redução das desigualdades de renda, ao contrário dos países de renda mais alta.

O texto da OIT cita ainda o Brasil pela expansão de sua classe média e das taxas de emprego.

Entre 1999 e 2010, houve um crescimento de aproximadamente 16 pontos percentuais da classe média brasileira – ou do grupo de pessoas que recebe uma renda de nível médio. O aumento é considerado elevado para a OIT. Essa evolução foi também observada em outros países em desenvolvimento e emergentes. Em 1999, aproximadamente 260 milhões de pessoas no mundo pertenciam à classe média. Em 2010, a categoria se expandiu para 700 milhões.

A OIT reforça que o aumento da classe média brasileira aconteceu de forma estável. "Em outros países emergentes a classe média está crescendo, mas continua frágil, pois a maioria dela ainda continua bem próxima a linha da pobreza", diz Marva Corley, economista da OIT. A estabilidade da classe média brasileira teria contribuído para a redução das desigualdades sociais no país e para o crescimento econômico.

A organização relacionou esse fato principalmente às políticas públicas dos governos desde 1999 e a programas de redistribuição de renda. Segundo o economista Newton Marques, da Universidade de Brasília (UnB), essas medidas foram fundamentais para a redução da pobreza absoluta, que possibilitou a inclusão social de uma grande parte da população.

Spanien Arbeitslosigkeit Schlange vor Arbeitsamt
Desemprego em massa atinge jovens de países do sul da EuropaFoto: picture-alliance/dpa

"As políticas públicas, o programa Bolsa Família e o aumento real do salário mínimo contribuíram para a mobilidade social", afirma Marques. Segundo o economista, houve um aumento do número de empregos e renda principalmente nas localidades onde as desigualdades eram maiores.

Taxas de emprego

O Brasil também ficou entre os países, onde a taxa de emprego continuou a crescer depois da crise de 2008. Além desse crescimento, o país conseguiu melhorar a qualidade do trabalho. "Esse é um fenômeno interessante. Comparando com os países desenvolvidos, muitos deles conseguiram aumentar o número de vagas, mas com a redução da qualidade delas, por exemplo, aumentando os empregos temporários", relata Corley.

A economista afirma que esses indicativos apontando mudanças no mercado de trabalho, apesar de o Brasil não conseguir reduzir a informalidade que ainda atinge uma grande parte da força trabalhista no país.

O mundo do trabalho

O relatório divulgado no início desta semana analisou a situação global cinco anos após o início da crise financeira mundial. O relatório mostrou que um crescimento no número de desempregados e um aumento da desigualdade social na maioria dos países desenvolvidos, principalmente na França, na Dinamarca, na Espanha e nos Estados Unidos.

Houve também uma redução da classe média nesse grupo de países, devido ao desemprego e à deterioração da qualidade das vagas. A Alemanha, país com a menor taxa de desemprego da União Europeia, também não registrou desempenho excelente de acordo com a OIT: a qualidade dos postos de trabalho de baixa renda pode estimular a desigualdade social na maior economia da UE. "É mais difícil para os países desenvolvidos saírem da crise. As economias em desenvolvimento e emergentes estão em uma situação melhor", avalia Corley.

A OIT acredita que, da estimativa de 200 milhões em 2013, o número de desempregados deverá subir para 208 milhões até 2015. Segundo o diretor geral da OIT, Guy Rider, os governos precisam concentrar suas políticas na criação de novos empregos e proteger as camadas mais pobres e frágeis para evitar o declínio social. Rider pede que políticos combatam melhor o desemprego massivo de jovens nos países do sul da Europa.