Guerra civil na Síria
4 de fevereiro de 2012Mais de 200 pessoas foram mortas num ataque das forças de segurança sírias na cidade de Homs, segundo relatos de ativistas dos direitos humanos sírios e comitês de coordenação da oposição no exterior. As vítimas eram quase todas civis. Ativistas chegaram a falar em 260 mortos.
A ofensiva começou no distrito de Chaldijeh, há onze meses um dos principais focos do movimento de protesto contra o presidente Bashar al Assad. Nos ataques, iniciados na noite de sexta-feira, as tropas do governo usaram metralhadoras e tanques de guerra.
"Os bombardeios pararam hoje de manhã, e os moradores saíram de suas casas para procurar mortos e feridos no meio dos escombros", afirmou neste sábado (04/02) o ativista Hadi Abdullah, do Comitê Geral da Revolução Síria, em entrevista por telefone à agência AFP a partir de Homs. Segundo ele, muitos edifícios ficaram totalmente destruídos e os hospitais não têm meios suficientes para tratar o grande número de feridos.
As emissoras árabes Al Arabiya e Al Jazeera mostraram imagens de numerosos corpos no chão. As informações, entretanto, não foram confirmadas por veículos independentes, devido às dificuldades impostas à imprensa pelo regime em Damasco.
O governo sírio negou envolvimento no massacre em Horms, atribuindo-o a rebeldes, que estariam tentando influenciar a votação no Conselho de Segurança da ONU. O presidente dos EUA, Barack Obama, classificou-o como um "ataque inqualificável" e exigiu que o presidente Assad se afaste do poder. "Assad tem que interromper agora sua campanha de assassinatos e crimes contra seu próprio povo", apelou o líder norte-americano, através de um comunicado.
Veto a resolução contra regime sírio
Rússia e China usaram seu poder de veto para impedir no Conselho de Segurança da ONU uma resolução contra a Síria apresentada há uma semana pelo Marrocos, com apoio de Estados árabes e europeus.
Pouco antes da votação, a Rússia criticara uma condenação à Síria e ameaçara fazer, mais uma vez, uso de seu poder de veto no Conselho de Segurança, a fim de evitar qualquer crítica ao regime Assad. A Rússia mantém uma aliança estreita com Damasco que inclui venda de armamentos ao governo sírio.
O projeto de resolução atual seguia, essencialmente, um plano da Liga Árabe, exigindo o fim imediato da violência, reforma política e uma renúncia parcial ao poder pelo presidente Bashar al Assad. Durante duras negociações, os defensores da resolução, incluindo a Alemanha, fizeram concessões em favor da Rússia, retirando do documento itens como a condenação ao comércio de armas, a convocação de eleições livres e a renúncia de Assad.
Visita russa a Damasco
O ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov, deve viajar a Damasco na próxima terça-feira para conversar com Bashar al Assad. De acordo com agências de notícias russas, o anúncio foi feito pelo próprio ministro durante a Conferência de Segurança de Munique. Ele viajará a pedido do presidente russo, Dimitri Medvedev, e será acompanhado pelo chefe do Serviço de Inteligência Estrangeiro da Rússia, Mikhail Fradkov.
O presidente do parlamento da Liga Árabe, Ali Salem al-Diqbassi, pediu aos Estados-membros da aliança para cortarem relações com a Síria e expulsarem embaixadores sírios a favor do regime de Damasco, afirmando que o governo do presidente Bashar al Assad continua a matar manifestantes.
A Tunísia disse que não reconhecia mais o regime de presidente Assad e decidiu expulsar o embaixador sírio em Túnis, justificando a medida com o “sangrento massacre” em Homs. "A Tunísia considera que esta tragédia não vai acabar, a menos que o regime de Bashar al Assad renuncie ao poder a fim de preparar o caminho para uma transição democrática que garanta a segurança do povo irmão da Síria", afirmou o governo, através de comunicado.
MD/afp/dpa/rtr/ap
Revisão: Augusto Valente