Nova greve ferroviária
20 de dezembro de 2007O sindicato alemão de maquinistas GDL surpreendeu a opinião pública alemã nesta quarta-feira (19/12) com o anúncio do rompimento de negociações com a empresa ferroviária alemã Deutsche Bahn (DB) sobre um acordo coletivo próprio e aumento salarial.
Nesta quinta-feira, o presidente do GDL, Manfred Schell, justificou por que deixou a mesa de negociações e anunciou uma nova greve ferroviária – tanto de cargas como de passageiros – por tempo indeterminado a partir de 7 de janeiro. Desta vez, segundo Schell, a greve vai durar até que as negociações tenham um resultado satisfatório.
Os pontos da discórdia
Entre os motivos apontados por Schell está o fato de a companhia ferroviária alemã oferecer 6,5% de aumento salarial, enquanto a meta do sindicato são pelo menos 10%. "Sobre a jornada de trabalho, nem foi falado", reclamou o sindicalista. O ponto da discórdia é um acordo de cooperação entre o GDL e os dois outros sindicatos de ferroviários na Alemanha, Transnet e GDBA.
Schell acusa a Deutsche Bahn de tentar fazer disto uma condição para permitir o acordo coletivo aos filiados do GDL. Para Schell, no entanto, tal acordo cercearia a liberdade de negociação e ameaçaria a autonomia do acordo coletivo.
Outro impasse envolve a definição de quais categorias de maquinistas seriam protegidas pelo acordo coletivo. A DB pretende excluir, por exemplo, os manobristas que atuam apenas junto às estações ferroviárias.
Classe patronal reage surpresa
A direção da Deutsche Bahn se disse surpreendida com o rompimento repentino das negociações. Segundo Oliver Schumacher, porta-voz da empresa, até quarta-feira "as conversas estavam sendo realizadas num âmbito racional". Margret Suckale, diretora de recursos humanos da DB, disse que a companhia estava oferecendo um aumento salarial de 8%.
Em reação à atitude do GDL, na tarde desta quinta-feira (20/12) a empresa ferroviária anunciou o cancelamento de todas as concessões e ofertas feitas até agora, inclusive os 800 euros prometidos aos maquinistas como pagamento único antes do Natal.
A sugestão da Deutsche Bahn de encarregar uma comissão de mediação para prosseguir as negociações foi rejeitada pelo presidente do GDL. "No momento não vemos nenhum motivo para iniciar uma mediação", disse Schell nesta quinta-feira em Frankfurt à agência alemã de notícias DPA.
O conflito entre o Sindicato Alemão dos Maquinistas (GDL) e a Deutsche Bahn já se estende por vários meses e foi marcado por várias greves dos transportes ferroviários até ambas as partes iniciarem negociações há duas semanas, dia 4 de dezembro.
Depois de um encontro entre Schell e Hartmut Mehdorn, presidente da DB, na semana passada, ambos haviam salientado os progressos na negociação e acertado seu prosseguimento. (rw)