Revolta árabe
25 de março de 2011Dezenas de milhares de manifestantes no Iêmen e na Síria foram às ruas para pedir por reformas democráticas depois das orações desta sexta-feira (25/03). Na capital do Iêmen, Sanaa, a situação continua tensa, depois de nos últimos dias atiradores fiéis ao regime terem disparado contra os manifestantes, matando 53 pessoas e deixando mais de 240 feridas. Semelhante foi a situação na Síria, onde esta semana dezenas de manifestantes foram mortos pelas forças de segurança. Na Jordânia, 30 pessoas ficaram feridas em um protesto por mais democracia.
Diante de milhares de apoiadores, o presidente do Iêmen, Ali Abdullah Salih, reiterou nesta sexta-feira sua disposição em renunciar ao poder, mas ao mesmo tempo descartou categoricamente o diálogo com a oposição.
A renúncia, no entanto, manteve-se ambígua: "Eu estou pronto para deixar o poder, mas apenas em mãos seguras", disse Salih. E essas mãos seguras deveriam ser escolhidas pelo povo. Na oposição ele não confia, disse o presidente, pois ela seria composta de "uma pequena minoria de traficantes de drogas".
A oposição no Iêmen, entretanto, reuniu-se para um protesto em massa sob o slogan "Dia da despedida". As forças de segurança esforçam-se para manter afastados os apoiadores e opositores do presidente em Sanaa.
Povo volta às ruas na Síria
Também na Síria todo o aparato de segurança foi posto em alerta. Depois da ação violenta das forças de segurança contra manifestantes na cidade de Daraa, o presidente Bashar al-Assad chegou a sinalizar a disposição para realizar reformas, mas mesmo assim os manifestantes foram às ruas. Em Damasco, duas demonstrações pró-democracia foram dispersadas pela polícia. Ao mesmo tempo, cerca de mil apoiadores do governo fizeram uma carreata pela cidade para demonstrar apoio ao regime.
A oposição síria reagiu com ceticismo ao anúncio de reformas feito pelo presidente. Não se poderiam esperar reformas de verdade, segundo consta em um fórum de opositores do regime na internet. Entre as medidas propostas pelo governo, foram indicadas uma eventual revogação do estado de emergência em vigor desde 1963 e uma lei sobre o registro de partidos democráticos. Defensores dos direitos humanos confirmaram de fato a libertação na quinta-feira, como prometido, de vários ativistas que haviam sido presos nos últimos dias.
Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Turquia lamentou a onda de violência que se espalhou pelo país vizinho e pediu calma por parte das famílias que perderam entes queridos. "Nós nos alegramos com as declarações do governo da Síria, de começar reformas sociais e econômicas para satisfazer necessidades e expectativas legítimas do povo sírio. É muito importante que o trabalho necessário seja cumprido logo e que as decisões sejam implementadas sem perda de tempo", disse o comunicado.
O partido no poder na Turquia realizou reformas de longo alcance desde que assumiu o governo há quase uma década. Seu sucesso no fortalecimento da democracia e em transformar a economia fez da Turquia, ao olhos de muitos na região, um exemplo de como um país predominantemente muçulmano pode fazer a democracia funcionar.
Juventude dividida na Jordânia
Na Jordânia, cerca de 30 manifestantes ficaram feridos na madrugada desta sexta-feira. Apoiadores do governo jogaram pedras contra participantes de um protesto, que, segundo testemunhas, tentaram se defender. As forças de segurança não intervieram nos confrontos. Os jovens manifestantes não fazem parte de nenhum partido ou organização política na Jordânia. Eles se organizaram através de redes sociais na internet para pedir por novas eleições e condições democráticas.
Ao meio-dia, reuniram-se em Amã milhares de apoiadores do governo para um contraprotesto. Aproximadamente 10 mil jovens apoiadores do rei Abdullah protestaram em um subúrbio para manifestar sua simpatia à monarquia hachemita. A manifestação foi organizada pelo Ministério da Educação e outras instituições governamentais da Jordânia. Os participantes estariam interessados em apoiar as reformas iniciadas pelo rei.
Estratégia para a Líbia
Através de novos ataques aéreos, a aliança militar internacional pressiona cada vez mais as forças do ditador líbio Muammar Kadafi. A França e o Reino Unido querem apresentar nos próximos dias uma estratégia político-diplomática para pôr fim ao conflito na Líbia.
"A solução não pode ser apenas militar", disse o presidente Nicolas Sarkozy nesta sexta-feira em Bruxelas, após a reunião de cúpula da União Europeia. Ainda antes da Conferência sobre a Líbia, marcada para a próxima terça-feira em Londres, Sarkozy quer elaborar uma proposta com o premiê britânico, David Cameron.
FF/dpa/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer