Mais uma tentativa de romper o gelo
20 de maio de 2003O ministro alemão da Economia, Wolfgang Clement, fez um apelo aos EUA para se reaproximar da Europa e, em especial, da Alemanha. “Nossa parceria transatlântica pode e deve se manter, numa época em que a Europa está se transformando e assumindo uma posição de maior destaque”, declarou o ministro no encontro de empresários teuto-alemães, em Washington, que mais tarde ainda iria se reunir com o vice-presidente norte-americano, Richard Cheney, o que inicialmente não estava previsto.
No encontro empresarial, Clement lembrou que a integração européia confere maior peso político e econômico ao continente, acrescentando que isso também seria de interesse dos Estados Unidos e dos investidores norte-americanos. Neste processo, a Alemanha teria uma posição-chave, lembrou Clement, por representar 40% do peso econômico da UE.
Lição de casa aos americanos
O ministro também se mostrou preocupado com o alto déficit norte-americano, tanto do orçamento público como do balanço de pagamentos, lembrando que a política de déficit duplo não poderá ser sustentada por muito tempo. “Todos nós sabemos que a potência política e militar de um país depende de uma sólido fundamento econômico, compatível com a situação internacional”, declarou Clement, remetendo-se ao interesse de Washington em manter sua hegemonia militar no mundo.
Quanto às controvérsias do comércio internacional, Clement propôs que a Alemanha e os EUA promovam conjuntamente as negociações por uma zona de livre comércio, dentro do contexto da Organização Mundial de Comércio. Além de reiterar que a Alemanha se empenhará em limitar as subvenções agrícolas na União Européia, ele também defendeu que a UE suspenda a proibição contra alimentos americanos geneticamente manipulados. Em contrapartida, Clement apelou pela abolição das restrições protecionistas à importação de aço nos EUA.
Empresários se empenham por reaproximação
O encontro teuto-alemão de empresários, oficialmente aberto na segunda-feira (19) em Washington, é o maior da história dos dois países. A idéia de um German-American Executive Summit partiu do embaixador alemão em Washington, Wolfgang Ischinger.
Mesmo antes de se manifestarem as primeiras tensões políticas entre a Alemanha e os EUA, ele teve a idéia de reunir empresários e políticos dos dois países. Ao longo do planejamento, que durou mais de um ano, o evento se transformou num encontro gigantesco, com mais de 100 participantes.
De fato, a lista de participantes pode ser considerada mistura dos índices DAX e Dow Jones, incluindo as cúpulas de empresas como a Lufthansa, Daimler Chrysler, Hapag Lloyd, RWE, General Electric, General Motors, Wal-Mart, entre outras.
As relações econômicas teuto-americanas são tema de duas mesas-redondas, realizadas na terça-feira (20), a portas fechadas. Uma outra meta do encontro é debater perspectivas para o crescimento econômico transatlântico.
Laços econômicos apesar de crise política
Até agora, o comércio teuto-americano parece ter passado ileso pela crise política entre os dois países. As economias de ambas as nações nunca estiveram tão sintonizadas como hoje. Os Estados Unidos continuam sendo o maior mercado para produtos alemães fora da União Européia. O volume comercializado entre os dois países somou mais de 120 bilhões de euros.
Na Alemanha, as empresas norte-americanas empregam cerca de 800 mil pessoas; as alemãs nos EUA, por sua vez, já geraram um milhão de empregos. De acordo com a agência alemã de comércio exterior, sediada em Washington, as importações diretas de produtos alemães nos Estados Unidos aumentaram 17,6% no primeiro trimestre de 2003, comparadas com o volume registrado no mesmo período do ano passado.