Bundeswehr
15 de abril de 2007No vídeo, um dos soldados é claramente um iniciante nas operações militares, tendo que perguntar até mesmo como deve segurar a arma que empunha. Seu superior dá as ordens e instrui, primeiro, como ele deveria atirar em terroristas num aeroporto.
Num segundo caso, a imagem sugerida é a de "uma van, que pára na sua frente. Três afro-americanos descem do carro e ofendem a sua mãe da pior maneira". O recruta é induzido a atirar várias vezes contra os fictícios "negros do Bronx" e a xingar palavras de ordem de teor racista.
No mínimo, desculpas
O caso de incitação a "assassinato por racismo", como definiu Wilfried Nachtwei, do Partido Verde, ecoou nos Estados Unidos, onde Adolfo Carrion, prefeito do distrito do Bronx, em Nova York, manifestou seu repúdio às imagens e conclamou o Exército alemão a pedir desculpas oficiais pelo ocorrido.
Um porta-voz da Bundeswehr afirma que o caso está sendo analisado desde fins de janeiro último, quando veio à tona, e que o soldado presente no vídeo foi remanejado para uma outra unidade, mas continua prestando seus serviços regularmente. Para um representante do ministério da Defesa, o "incidente racista é inaceitável e vai contra todos os fundamentos, a partir dos quais é feita a formação dos soldados da Bundeswehr".
"Métodos arcaicos"
Jürgen Rose, oficial das Forças Armadas e membro da diretoria de uma associação de "soldados críticos" intitulada Darmstädter Signal (Sinal de Darmstadt), afirmou ao site da revista Stern, que publicou pela primeira vez o caso na imprensa nacional, que "os escândalos não são casos isolados. Eles não ocorrem diariamente nas Forças Armadas, mas, no mínimo, anualmente". Rose aponta para a tendência de formação dos recrutas a partir de métodos cada vez mais arcaicos.
Pressão emocional
"A Bundeswehr aparece, na maioria das vezes, somente em relação às notícias sobre casos isolados de comportamento inadequado", observa frente à DW-WORLD Simon Wunder, cientista político e reservista do Exército, que acompanhou a missão da UE no Congo, entre julho e dezembro do último ano.
Wunder lembra as dificuldades dos soldados nas missões no exterior, como alojamentos em espaço reduzido por vários meses, problemas de adaptação a condições climáticas extremas, pressão emocional de viver em meio a um conflito armado e condições de higiene muitas vezes precárias.
Na última missão no Congo, "soldados menos experientes se viram, pela primeira vez, num ambiente de miséria, desintegração e efeitos de uma guerra civil que já se arrastava por anos. Digerir todas essas impressões não é tarefa fácil para todos", conclui. O escândalo mais recente, contudo, tem como cenário a pacata Rendsburg, cidade do norte alemão.