Mais que titulares, falta motivação à Seleção Alemã
15 de maio de 2002É verdade que o técnico Rudi Völler ainda não tem à sua disposição os cinco jogadores convocados que pertencem ao Bayer Leverkusen (finalista da Liga dos Campeões), mas a derrota da Seleção Alemã em Cardiff, por 1 a 0, para o País de Gales, é motivo de preocupação.
Afinal, mais do que jogadores titulares, faltou ao time amor à camisa. Que titulares se acomodem chega a ser normal. Reservas costumam até mostrar mais garra, para chamar a atenção do treinador. No entanto, não é o que se vê na Seleção Alemã.
Tirando o goleiro Kahn e o meio-campista Jeremies (ambos do Bayern de Munique), assim como o polivalente Asamoah e o atacante Jancker, que entraram apenas no segundo tempo, pouca raça se viu nos homens de camisas brancas em Cardiff.
Fora a ausência de motivação, alguns jogadores evidenciaram seus pontos fracos. Contra uma defesa melhor arrumada, o atacante Bierhoff (reserva no Monaco) não teve a menor chance, mostrando que os três gols marcados contra o Kuwait há uma semana foram uma casualidade. O ataque alemão (que teve também Klose) movimentou-se pouco, criando assim poucas possibilidades para romper a zaga galesa.
No meio de campo, enquanto o armador Deisler – que a princípio seria poupado – mostrou gradual recuperação, após quase sete meses parado, Frings revelou o fracasso de mais uma experiência de Völler. Assim como Klose contra o Kuwait, o jogador do Werder Bremen não se adaptou à meia esquerda e não serviu de ligação entre o lateral esquerdo Ziege, que retornou à equipe, e o ataque. Na lateral direita, posição original de Frings, Heinrich teve muito trabalho com Giggs (Manchester United), não apoiou o ataque e abusou de faltas e da deslealdade (calçou Earnshaw, a estrela do jogo, num lance sem bola). Com isto, faltaram jogadas pelas laterais do campo.
Por sua vez, ainda não foi em Cardiff que Linke (Bayern de Munique) e Metzgelder (Borussia Dortmund) se entenderam como zagueiros centrais. A defesa chegou a começar bem em campo, ganhando as jogadas contra o ataque galês, mas nem por isto ofereceu tranqüilidade ao goleiro Kahn, obrigado mais de uma vez a mostrar suas qualidades.
A estes desempenhos, some-se a demora na recuperação do zagueiro Wörns e do lateral Rehmer, e a inesperada lesão do zagueiro Novotny, que não irá mais à Copa. Ou seja, a estas alturas Rudi Völler tem de fato de apostar suas fichas no reforço dos jogadores do Bayer Leverkusen, quatro deles prováveis titulares: Neuville (ataque), Ballack (armador), Ramelow (cabeça-de-área) e Schneider (ala ou lateral direito). O treinador deve estar acendendo uma vela atrás de outra para que eles sobrevivam ilesos à batalha final da Liga dos Campeões.