Mais Mercedes “made in Alabama”
2 de setembro de 2003Pode acontecer de Bill Taylor aparecer para uma reunião quase sem fôlego. Neste caso, ele só deve ter conseguido uma vaga no fundo do estacionamento do parque industrial da Mercedes em Tuscaloosa/Alabama, tendo que andar a pé um bom pedaço. Apesar de dirigir a unidade mais bem sucedida da Mercedes no exterior, Taylor não tem vaga reservada no estacionamento. Os altos executivos usam a mesma entrada de serviço dos operários, almoçam na mesma cantina e trabalham em grandes salas coletivas.
São meros detalhes, mas com certeza devem ter contribuído para estimular o espírito de equipe, uma das chaves do sucesso da única fábrica da Mercedes-Benz nos Estados Unidos. É lá que está sendo produzido o utilitário-esportivo de luxo Classe M, o último de uma frota de 500 mil veículos que realmente convenceram a freguesia. Até hoje ainda há fila de espera para a compra deste modelo diesel, embora não seja segredo nenhum que um novo Classe M vai substituir o atual no final de 2004.
Operação Alabama
Ao lado dos antigos edifícios em Tuscaloosa, já se vê a enorme construção que vai ampliar o parque industrial e custar aproximadamente 552 milhões de euros. Há exatamente dez anos, a Mercedes decidiu construir sua primeira fábrica nos confins do sul americano. Pela primeira vez, a empresa dispensou o atributo “made in Germany”, promovendo uma produção apenas “engineered by Mercedes-Benz”. Na época, empresa se livrou dos problemas com oscilação de câmbio, apostando sobretudo num novo sistema de produção especializado na montagem de módulos prontos. O que já se tornou corriqueiro nas relações entre produtores de automóveis e fornecedores era absolutamente incomum na época.
Por que justamente em Alabama? “Na época, eu não era muito a favor”, confessa Andreas Renschler, primeiro diretor da unidade americana, atualmente responsável pelo Smart. O sul dos EUA não era uma região de produção de automóveis, o treinamento dos jovens era penoso e as primeiras experiências não foram nenhum motivo de júbilo. “Tínhamos deficiências de qualidade e estávamos insatisfeitos”, lembra Jürgen Hubbert, membro do conselho diretor da DaimlerChrysler.
A receita do sucesso
Mas havia jovens como Luella Minor ou Michael Reesha, que trabalhavam na produção como group leader ou assistant manager e não cansavam de mostrar seu entusiasmo: “Para nós, é um sonho trabalhar para a Mercedes.” O empenho de pessoas que sempre mantiveram a palavra, conforme lembra Renschler, levou a fábrica de Tuscaloosa a ser recentemente premiada pela matriz, em reconhecimento à qualidade de sua produção.
No momento, a empresa está examinando o currículo de dez mil pessoas para os dois mil empregos gerados pela nova fábrica. A capacidade de Tuscaloosa vai dobrar para 160 mil veículos por ano. Lá se produzirão não apenas os dois tamanhos do Classe M, mas também o novo veículo esportivo de luxo GST em dois modelos diferentes. O estacionamento da fábrica também vai aumentar, é claro, fazendo com que Bill Taylor tenha que andar mais ainda até seu escritório.