1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Mais de 80 países prometem reduzir emissões de metano

2 de novembro de 2021

Dezenas de países, entre eles o Brasil, assinam compromisso que visa cortar até o fim da década as emissões de metano em 30% em relação aos níveis de 2020. China, Rússia e Índia não estão entre os signatários.

https://p.dw.com/p/42UT4
Presidente dos EUA, Joe Biden, na COP26
Joe Biden: "Uma das coisas mais importantes que podemos fazer é reduzir as emissões de metano o mais rápido possível"Foto: Erin Schaff/The New York Times/AP Photo/picture alliance

Mais de 80 países assinaram uma carta de intenção elaborada por Estados Unidos e União Europeia (UE) com a promessa de reduzir as emissões de metano em 30% até 2030, comunicou nesta terça-feira (02/11) a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Cortar o nocivo gás de efeito estufa em praticamente um terço em relação aos níveis de 2020 "vai desacelerar imediatamente a mudança climática", garantiu Von der Leyen na Conferência da ONU para as Mudanças Climáticas, a COP26, em Glasgow, na Escócia. A líder europeia afirmou que cerca de 30% do aquecimento global desde a Revolução Industrial se deve ao gás metano.

"Hoje as emissões globais de metano crescem mais rápido do que em qualquer momento no passado", disse Von der Leyen, que acrescentou que reduzir o metano é uma das maneiras mais eficazes de frear o aquecimento a curto prazo e manter viva a meta do Acordo de Paris de manter o aquecimento abaixo da marca de 1,5 graus Celsius. "Não podemos esperar até 2050. Temos que cortar as emissões rapidamente e o metano é um dos gases que podemos cortar mais rápido."

O presidente dos EUA, Joe Biden, saudou o passo e classificou a carta de intenção como um "compromisso para mudar o jogo" que abrange os países responsáveis por cerca de metade das emissões globais de metano.

"Uma das coisas mais importantes que podemos fazer entre agora e 2030, na tentativa de tentar manter possível a meta de 1,5 graus Celsius, é reduzir nossas emissões de metano o mais rápido possível", disse Biden, referindo-se à meta central do Acordo de Paris de 2015.

A iniciativa, que os especialistas dizem que pode ter um poderoso impacto de curto prazo no combate ao aumento de temperatura global, ocorreu poucas horas após mais de 100 nações terem concordado em acabar com o desmatamento até o fim desta década.

Brasil entre os signatários

O Global Methane Pledge (Compromisso Global para o Metano, na tradução livre) abrange alguns países que representam quase metade das emissões globais de metano e 70% dos Produto Interno Bruto (PIB) global, segundo Biden.

"Isso vai impulsionar nossas economias, economizando dinheiro para as empresas, reduzindo vazamentos de metano, capturando metano para transformá-lo em novas fontes de receita, bem como criando empregos sindicalizados e com bons salários para nossos trabalhadores", disse Biden.

Entre os signatários encontra-se o Brasil, um dos cinco maiores emissores de metano do mundo.

Maior exportador de carne bovina do mundo, o Brasil resistia ao acordo, segundo o jornal Folha de S.Paulo, já que o documento implica a revisão de processos na pecuária. Ainda segundo o jornal, a pressão exercida pelos Estados Unidos nas últimas semanas foi decisiva para a adesão brasileira.

Em contrapartida, China, Rússia e Índia – também entre os cinco principais emissores de metano – não assinaram o compromisso.

Por outro lado, China e Índia assinaram o compromisso que visa aumentar a produção de aço com emissão quase zero – Reino Unido, EUA e União Europeia estão entre os mais de 40 signatários do compromisso. Os líderes concordaram em fornecer tecnologia limpa e acessível em todo o mundo até 2030.

A indústria do aço é um dos maiores emissores de CO2 do mundo. A China produz mais da metade do aço mundial. No domingo, EUA e EU encerraram uma disputa sobre tarifas de aço e alumínio. Além do aço, o compromisso assinado em Glasgow se concentrará em energia, transporte rodoviário, hidrogênio e agricultura.

Metano se torna o principal alvo

Décadas de compromissos climáticos foram baseados na redução das emissões de dióxido de carbono. Ainda assim, o metano (CH4) é mais de 80 vezes mais potente do que o dióxido de carbono (CO2), e suas fontes, como minas de carvão a céu aberto e gado, têm recebido relativamente pouca atenção até agora.

As Nações Unidas comunicaram no mês passado que as emissões globais de metano poderiam ser reduzidas em 20% com pouco ou nenhum custo usando as práticas ou tecnologias existentes. E um relatório divulgado no início do ano mostrou que medidas disponíveis poderiam reduzir os níveis de metano em 45% até 2030.

Uma redução nesta magnitude diminuiria o aquecimento global em 0,3 grau Celsius, evitaria 250 mil mortes por poluição do ar e aumentaria a safra global em 26 milhões de toneladas, de acordo com o Programa Ambiental da ONU.

pv (ap, rtr)