Maioria dos partidos fica em cima do muro no segundo turno
12 de outubro de 2018A maioria dos partidos anunciou neutralidade no segundo turno das eleições, preferindo não apoiar nem o capitão reformado Jair Bolsonaro (PSL) nem o petista Fernando Haddad (PT) na polarizada disputa pela Presidência da República.
Entre os partidos que ficaram – ao menos oficialmente – em cima do muro estão DC, DEM, MDB, Novo, Patriota, Podemos, PP, PPS, PR, PRB, PSD, PSDB, Rede e Solidariedade.
Até esta quinta-feira (11/10), declararam apoio ao petista PDT, PPL, PSB e PSol. Já o candidato do PSL recebeu apoio do PSC e do PTB.
Ainda que os partidos derrotados no primeiro turno tenham feito declarações sobre o segundo turno, a pesquisa do Datafolha divulgada nesta quarta-feira mostrou que a maioria dos eleitores não leva em consideração o apoio de outros candidatos. Do total de entrevistados, 72% se disseram indiferentes a um apoio expressado por Marina, 69% ao aval de Alckmin e 63%, ao de Ciro.
O PDT, terceiro colocado no primeiro turno com a candidatura de Ciro Gomes, fez ressalvas ao PT e declarou "apoio crítico” a Haddad. A decisão não representaria um gesto de aprovação do projeto de governo do petista, mas contra os "riscos" de se eleger Bolsonaro, disse o presidente nacional do partido, Carlos Lupi.
Além do "apoio crítico", a decisão de Ciro de viajar à Europa nesta quinta-feira frustrou Haddad, que esperava convencê-lo a fazer parte de sua equipe, segundo o jornal Folha de S.Paulo.
O PSol, cujo candidato, Guilherme Boulos, também foi derrotado no primeiro turno, declarou apoio a Haddad apesar de "diferenças políticas", citando o foco em "derrotar Bolsonaro".
Do lado do capitão reformado, o PTB citou o apoio às propostas de Bolsonaro para a economia, assim como a crença de que ele pode promover a "pacificação e união do povo brasileiro", como fatores determinantes para a decisão. O PSC, ligado à Assembleia de Deus, também justificou sua decisão com a defesa de bandeiras liberais na economia e conservadoras nos costumes por Bolsonaro.
Entre os que ficaram em cima do muro, o PSDB, que disputou o primeiro turno com Geraldo Alckmin, disse aos eleitores do partido para decidirem o voto "de acordo com a sua consciência” e "convicção". "Não cabe a nós, nesse segundo turno, ser a favor de um ou de outro. O eleitor é que vai escolher. Nós não nos sentimos representados por nenhum dos dois", declarou Alckmin.
O candidato do partido ao governo de São Paulo, João Dória, declarou apoio ao capitão reformado, e a esquerda do PSDB optou publicamente por Haddad, mesmo sem o respaldo público de grandes nomes.
O MDB, que concorreu com Henrique Meirelles, também declarou neutralidade, e Meirelles não se manifestou sobre seu apoio no segundo turno.
A Rede, de Marina Silva, divulgou não apoiar nenhum candidato, criticando a "corrupção sistemática" do PT. Contudo, recomendou que seus eleitores não deem "nenhum voto" a Bolsonaro devido às "ameaças imediatas e urgentes à democracia". A Rede "será oposição democrática ao governo de qualquer dos candidatos que saia vencedor do embate a que se reduziu essa eleição", diz comunicado assinado pela executiva nacional do partido.
O PP declarou que vai manter postura de "absoluta isenção e neutralidade", mas a prática é bem diferente. No Rio Grande do Sul, o partido declarou apoio a Bolsonaro, o que alguns integrantes já haviam feito no primeiro turno, apesar da posição oficial pró-Alckmin. A vice da chapa de Alckmin, Ana Amélia, também declarou apoio ao capitão no segundo turno.
Também não obstante a neutralidade declarada pelo partido, o presidente do DEM, Antônio Carlos Magalhães Neto, disse que individualmente apoiará e votará em Bolsonaro. De forma similar, o Novo se disse neutro, mas se posicionou como "absolutamente" contrário ao PT.
Cabo Daciolo, o candidato do Patriota, também declarou neutralidade e afirmou que não vai apoiar nenhum dos dois candidatos. O Podemos, de Álvaro Dias, também ficará neutro, e Dias disse que não votará no PT.
PT/ots
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