Maioria dos alemães é a favor da vacinação obrigatória
5 de novembro de 2021Cerca de 57% dos alemães querem que a vacinação contra a covid-19 se torne obrigatória para indivíduos acima de 18 anos, segundo apontou uma nova pesquisa Deutschlandtrend divulgada nesta quinta-feira (04/11) pela emissora ARD.
O número representa um aumento de 11 pontos percentuais em comparação com a sondagem realizada em agosto deste ano, e é a primeira vez em que mais da metade dos alemães apoia a medida. O governo federal ainda se opõe à imunização compulsória.
Uma porcentagem ainda maior de alemães, 74%, acredita que pelo menos trabalhadores de certas profissões, especialmente na área de saúde e atividades assistenciais, devem ser obrigados a tomar a vacina.
A pesquisa, que é realizada pelo instituto Infratest dimap, mostrou que o apoio à vacinação compulsória varia bastante de acordo com a orientação política dos entrevistados.
A medida é defendida principalmente entre os apoiadores dos partidos de centro-direita e centro-esquerda, respectivamente a conservadora União Democrática Cristã (CDU), da chanceler federal Angela Merkel, e o Partido Social-Democrata (SPD), que deverá chefiar o próximo governo alemão. Em ambos os casos, o apoio à vacina obrigatória foi superior a 70%.
Embora em menor porcentagem, também uma maioria dos apoiadores do Partido Liberal Democrático (FDP) é a favor da medida (53%), enquanto 56% dos eleitores do Partido Verde se disseram favoráveis.
Os únicos partidários que formam maioria contrária à vacinação compulsória contra a covid-19 são os do partido A Esquerda – 45% a favor e 55% contra – e os da ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD) – 22% a favor e 71% contra.
Dados recentes do Instituto Robert Koch (RKI), a agência de controle e prevenção de doenças do país, mostram que apenas 67% dos alemães estão totalmente vacinados, cifra inferior a de outros países da Europa Ocidental, como Portugal (88%) e Espanha (81%). Segundo uma sondagem recente, só uma minoria dos que ainda não se imunizaram no país pretende fazê-lo.
Apoio crescente a regras mais rígidas
A pesquisa parece refletir a preocupação crescente com a disseminação acelerada do coronavírus na Alemanha, que nesta sexta-feira bateu recorde de novos casos pelo segundo dia consecutivo ao registrar, em 24 horas, mais de 37.000 novas infecções.
O apoio a regras mais rígidas cresceu em relação ao mês passado, embora quase metade dos alemães ainda ache que as normas atuais são adequadas. Cerca de 46% dos entrevistados consideram apropriadas as restrições em vigor para conter a taxa de infecção pelo coronavírus, uma queda de 14 pontos percentuais em comparação com a pesquisa de um mês atrás.
Atualmente, eventos públicos, restaurantes e bares estão de portas abertas na Alemanha, sendo que a maioria exige comprovante de vacinação ou de recuperação da doença. Alguns ainda permitem o ingresso apenas com teste negativo para o vírus.
Houve um aumento significativo na proporção dos que consideram as medidas atuais insuficientes: hoje eles somam 29%, enquanto no início de outubro eram 13%. Já o percentual de alemães que consideram as regras rígidas demais caiu de 25% para 23% no mesmo período.
Medo da covid-19
A maioria dos alemães ainda está preocupada com as várias consequências do coronavírus.
A pesquisa apontou que 62% temem que os idosos fiquem gravemente doentes; 58% temem que o sistema de saúde possa ficar sobrecarregado; e 57% estão preocupados que crianças não vacinadas possam ser infectadas com o vírus.
Em contraste, apenas 24% dos entrevistados se preocupam com a possibilidade de eles próprios serem contaminados.
Apoio a partidos
A sondagem mensal também avalia o apoio a partidos políticos. E o mal-estar da CDU continua nas pesquisas de opinião. Derrotado na eleição nacional em setembro com apenas 24% dos votos, o partido conservador perdeu ainda mais apoio, com atuais 21%.
A legenda que dominou a política alemã durante o pós-guerra está agora em sua pior fase de todos os tempos e muito provavelmente amargará nas fileiras da oposição por pelo menos cinco anos. Mas espera mudanças de rumo após eleger um novo presidente do partido em janeiro.
Enquanto isso, os social-democratas, liderados pelo ministro das Finanças e provavelmente próximo chanceler federal Olaf Scholz, cresceram ligeiramente em popularidade desde que venceram as eleições e, agora, contam com o apoio de 27% dos alemães.
Em meio às negociações para formar um governo, os prováveis parceiros de coalizão do SPD, os verdes e os liberais do FDP, também viram pequenos aumentos de apoio.