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Maior já registrado, surto de ebola causa preocupação internacional

3 de julho de 2014

Com mais de 460 mortos, epidemia atual é a maior e mais mortal de todos os tempos, alerta OMS. Governos da região buscam solução para surto da doença, e especialistas pressionam pelo uso de medicamentos em fase de teste.

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Foto: Seyllou/AFP/Getty Images

Mais de 750 casos de ebola – 467 deles fatais – já foram registrados na África Ocidental, fazendo do surto atual o maior e mais mortal da doença, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesta quarta-feira e quinta-feira (03/07) ministros da Saúde e representantes de 11 países africanos reúnem-se na cidade de Acra, em Gana, para discutir a epidemia.

“O atual surto de ebola é o maior já registrado em termos de número de casos, mortes e disseminação geográfica, e, pela primeira vez, o vírus está circulando em ambas as áreas, rural e urbana”, afirma Luís Gomes Sambo, diretor da OMS para a África.

O primeiro caso conhecido de ebola foi registrado em 1976. O surto atual, iniciado em fevereiro, já causou mortes em Guiné, na Líberia e em Serra Leoa.

De acordo com Sambo, a propagação da doença está associada a algumas práticas culturais e crenças populares, tais como tradições de sepultamento que envolvem a limpeza manual dos cadáveres, que as autoridade estão tentando impedir. Também há uma forte desconfiança em relação à medicina ocidental.

"Na Libéria, nosso maior desafio é a negação, o medo e o pânico", disse Bernice Dahn, vice-ministra da Saúde do país, durante o encontro em Gana. "As pessoas têm medo, mas não acreditam que a doença exista. Por isso, ficam doentes, e os membros da comunidade as escondem e as enterram, contra todas as normas que decretamos."

Em Serra Leoa, dezenas de infectados também evitam o tratamento, dificultando a identificação dos casos da doença.

Outro problema é a falta de recursos. Abubakarr Fofanah, vice-ministro da Saúde de Serra Leoa – que tem um dos piores sistemas de saúde do mundo –, disse que faltam verbas para medicamentos, equipamentos de proteção básica e remuneração de funcionários.

Serra Leoa anunciou nesta quarta-feira que o presidente do país, Ernest Bai Koroma, seu vice e todos os ministros doariam metade de seus salários para ajudar a combater a epidemia. O valor total das doações não foi revelado.

Symbolbild Ebola
Falta de recursos e resistência ao tratamento por parte da população dificultam trabalho de agentes de saúdeFoto: Cellou Binani/AFP/Getty Images

Novos medicamentos

Diante do quadro, especialistas da área da saúde aumentaram a pressão pelo uso de medicamentos contra o vírus que ainda estão em fase de testes. Normalmente, tais substâncias só entram no mercado após vários anos de experimentação em laboratório, passando por testes em animais e por pelo menos três grandes séries de testes clínicos em humanos.

Para o infectologista Jeremy Farrar, professor de Medicina Tropical e diretor da Fundação The Wellcome Trust, em Londres, a gravidade da situação exige uma mudança por parte das autoridades de saúde. "É ridículo que não tiremos esses produtos dos laboratórios e dos testes em animais para que sejam testados em humanos e oferecidos às pessoas."

Até agora, tudo que se tem oferecido aos enfermos é um banho e "um bom enterro", diz Farrar. "Isso é simplesmente inaceitável.”

Ebola-Virus Guinea
Guiné, Libéria e Serra Leona, no oeste da África, foram atingidos pelo surto atualFoto: picture alliance/AP Photo

Altamente contagiosa

Com uma taxa de mortalidade de 90%, o ebola provoca febres, vômitos, diarreias e hemorragias. Trata-se de uma doença viral altamente contagiosa, transmitida através do sangue e outros fluídos corporais.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) estima que a epidemia esteja fora de controle e pede que os governos da região reajam. Segundo a MSF, o vírus ebola está se espalhando pela África Ocidental com tamanha velocidade que não é mais possível que os agentes de saúde da instituição alcancem todos os focos da doença.

De acordo com especialistas em saúde, a prioridade precisa ser conter o ebola com medidas de controle básico de infecção, como vigiando a lavagem das mãos e a higiene e isolando pacientes infectados.

IP/dpa/rtr